quarta-feira, 21 de julho de 2010

mudar é preciso [?]

este blog nunca teve carácter póstumo, nunca pensei numa data para terminar e continuo não pensando. mas os últimos fatos que ocorrem por aqui me fez criar receio em divulgar o que ocorre comigo, pessoas que conheço, lugares que frequento. me questionei, pela primeira vez, desde 2007 [quando o blog começou] se não tava me expondo demais. contar as "coisas que só acontecem comigo" nunca foi algo que me preocupasse, mas agora preocupa.

não vou fechar o blog. só assim Vou Te Contar...

terça-feira, 13 de julho de 2010

história 202: eu daria...

era um dia normal de trabalho ou deveria ser. eles entraram na loja que eu trabalho e foram direto na direção de meu balcão. eram três, dois meninos visivelmente gays, ambos bonitos, e uma menina – sempre tem a fag hag, né?! eles queriam um daqueles celulares recém lançados, mostrei o tal celular, falei das funções e o aparelho, que vinha com uma caixa de som de brinde. enquanto demonstrava pra o menino, ele viu um outro celular, da mesma marca, da mesma linha musical, mas mais barato, contudo não vinha com a caixa de som de brinde.

- ai, moço consegui uma caixinha nesse mais barato – choramingou.
- infelizmente eu não posso – respondi. e eu realmente não podia.
- pode sim... – ele recomeçou, já sorrindo – eu sei que você pode moço, ajuda os amigos.
- é verdade... não posso mesmo. as caixinhas vêm dentro da embalagem do celular que está lacrada, proteção de fabrica.
- você pode abrir uma das embalagens, pega uma caixa pra mim e fica tudo bem...

sorri alto. nessa altura do campeonato todos do departamento estavam prestando atenção na conversa, afinal de contas eu era o único que tava atendendo um cliente.

- sério, eu não posso te dar, se eu pudesse eu te daria... – antes de terminar de falar eu fiz silencio abruptamente, maliciando a frase anterior, e nunca tentativa de concertar a coisa eu completei: “a caixinha, eu te daria a caixinha de som, claro!”

por minha culpa, todos ao redor perceberam, mesmo não intencional, o duplo sentido da frase e todos riram. eu fiquei magenta de tanta vergonha.

- mas se você quiser me dar algo além da caixinha de som, a gente negocia – o menino disse, alto suficiente para apenas ele e eu ouvirmos.

eu preferi sorrir apenas e não dizer mais nada. já diziam que peixe morre é pela boca. depois de ter pago o celular, o mais caro, inclusive, o menino estendeu a mão e agradeceu pelo atendimento, se apresentou dizendo o nome e antes de sair da loja disse:

- então, foi um prazer, Jarbas. a gente se vê por ai.

me despedi, mas não vou mentir que desejei o mesmo. me mantive trabalhada no profissionalismo. fora da loja a coisa mudaria de figura, porém de uniforme sou assexuado, praticamente uma samambaia. de qualquer maneira, se fosse para admitir algo, eu admito, pra ele eu daria. vou te contar...

quinta-feira, 8 de julho de 2010

ctrl + c, crtl + v ou nostalgia, me copia

abri meu e-mail, como de costume. e como de costume haviam algumas notificações de novos comentários em meu blog, esse blog que você tá lendo agora. esse mesmo blog que eu dei inicio a quase 4 anos atrás. e por incrível que apareça tinha um cometário de um certo Filipe Pereira – que é um espírito de luz –, elogiando o texto e me alertando que tinha alguém copiando meus textos. ele deixou um link, até achei que fosse um vírus, um desses spams, sabe? mesmo assim, fui lá conferir.

ai, que loucura! dei de cara com minha ultima história já na home do blog. pensei: "ah, ele só copiou um textinho, coitado!"... ledo engano, Leda Nagle. fui nos arquivos do tal blog – que vocês vão poder conferir, por que sou má e vou deixar o link do blog aqui –, e o menino que se chama Diego Lacerda estava me copiando desde março de 2009 com o texto "morri [?]", que ele nem se deu o trabalho de mudar o titulo. a loucura continuou... a cada mês mais e mais textos meus pipocavam na tela.

todos os textos de Abril, Maio, Junho, Agosto, Setembro e Outubro de 2009 eram meus, mas a giripoca puiu quando eu fui nos arquivos de Dezembro de 2009 e lá tinha o texto "Chove chuva, chove sem parar ♪", que é de minha autoria – ai, que duvida! – esse é o texto que eu mais amo, minha abro prima. foi uma situação que aconteceu com minha mãe. ele não tinha o direito de copiar... ferveu meu sangue. foi nesse momento que você assinou seu sentaça de morte, em vida, Diego Larcerda.

não precisa nem dizer que o resto de 2010 inteiro é meu... até um texto, insano, que escrevi descrevendo como séria meu funeral, ele copiou. por isso, gente, eu clamo por uma resposta: CADÊ A IDENTIDADE DESSA PESSOA?! sério, esse Diego Lacerda deve ser sérios problemas psicologicos, mas com disse meu amigo do cool in the heat: "...mas por outro lado é chic ser copiado, hehehe louco!" e não é verdade? me senti importante e olha que meus textos nem tem tanto qualidade literária assim... são só relatos de meu dia-a-dia, algo que poderia ser considerado como algo bastante egoista, né?! será que essa pessoa se identifica tanto assim com minha vida?

enfim, não vou começar um discurso sobre direitos autorais, porque acho dispensável, mas devo dizer que vou tomar as providências para o tal Nostalgia indispensável ser tirado da rede, afinal de contas, eu não dei permissão para o mocinho me plagiar. paramos por aqui? não, né?! dentro de meus direitos, deixo o link do blog, para vocês me ajudarem e denunciá-lo por plágio.

link:
http://www.nostalgiaindispensvel.blogspot.com/

desde já agradeço a vocês que denunciarem, você Filipe Pereira por me avisar desse puta falta de sacagem e ao Foxx pelas dicas de licença e a campanha no twitter contra o plágio, muito obrigado mesmo.
ah, não poderia deixar de avisar que esse blog, apatir de agora, tem a licença Attribution-ShareAlike 3.0 Unported. isso significa que você pode usar qualquer um dos textos ou partes deles, inclusive para uso comercial, contando que dê os devidos créditos, em todo caso, pra mim, que sou o real autor de toda esse obra.
sem mais,
beijos, me copia!

sábado, 3 de julho de 2010

história 201: bicha má ou o poder da roupa

eu estava no James Bar - pra variar – dançando, cantando, bebendo, sorrindo, conversando e outros muitos gerúndios de uma pessoa ungida na glória da noite. adquiri uma Heineken – porque sou apaixonado pela verdinha – e subi para a parte de cima do bar. fiquei por ali observando as pessoas, vendo o DVD do Arctic Monkeys que passava pela 150ª vez - só naquela noite. fiquei aguardando algo acontecer, e aconteceu.

a bicha, trabalhada na maldade, caminhou em minha direção, parou sorridente e disse num tom de deboche:

- camiseta Riachuelo, né?!

fiquei 10 segundos em silêncio, imóvel, com minha melhor cara de origami – sem expressão –, incredulo e antes de agir, pensei qual era o sentido daquela abordagem fail, depois pensei em tudo que eu poderia fazer com aquela homossexual passiva. eu poderia (a) dar um grito estridente e avançar com minha Gillette na mão pra rasgar a cara da desgraçada, mas isso causaria minha expulsão do bar, (b) cuspir na cara da maligna e sair fina ou (c) não falar nada, virar as costas e voltar pra pista e dançar feito biscate. o mais prudente era sair e fingir que nada tava acontecendo e voltar pra meus gerúndios de um ser ungido. mas eu, trabalhada na glória, apenas disse:

- é verdade, a camiseta é Riachuelo, mas sabe qual a diferença entre ela em mim e em você?

a bicha não disse nada, mas o olhar demoníaco se mantinha. eu continuei:

- a diferença é que em mim, nenhum deles vai crer que é uma Riachuelo, não que isso tenha problema, mas em você, meu amor, não garanto.

(bate cabelo) desci a escada e voltei a dançar, sem dar chance para o exu-gay falar algo. e pra falar a verdade, nem o vi o resto da noite inteira. fim da história, mas eu não poderia deixar de questionar – outra vez: qual o objetivo dessa abordagem, gente? o que essa pessoa ganhou identificando, o que, teoriacamente, seria uma camiseta de uma marca “inferior” – inferioridade, talvez comprovada, caso fosse comprada a um Armani, Calvin Klein, enfim...? sim, eu uso C&A, Renner e Riachuelo. sim, eu acho peças que me agradam nessa lojas de fast fashion, uso e não nego. acredito que a roupa não faz de você, o que você é. ou melhor, não é sua roupa, exclusivamente, que te torna o que você. não to aqui pra desmerecer o poder da indumentária, até porque, eu faço faculdade de moda e isso sério uma hipocrisia imensa, acredito no poder da roupa, mas pare e pense, se tratando de roupa: tudo é efêmero. quem dá importância pra roupa, somos você e eu, porque no fim elas só servem pra nos proteger do frio, do calor e cobrir nossos orgãos sexuais. pronto!

no fim, um ser humano desses é digno de pena. super valoriza o que não deveria ser super valorizado, mas nesse mundo, é cada um por si e, tomara, que Deus por todos. vou te contar...

sábado, 12 de junho de 2010

Dia dos Namorados. Feliz...

lá vem mais um Dia dos Namorados e eu voltei nos arquivos deste blog e percebi que ao longo de três anos meus textos referente a esta data não tem sido na animadores – uma pena, pra mim. pensei em seguir a mesma linha dos anos anteriores já que, para ser bem sincero, pouco coisa mudou em meus relacionamentos. queria comentar o quanto eu acredito no amor, o quanto eu me sinto carente e desanimado por nunca ter conseguido engatar um namoro descente, real e duradouro, mas esse comportamento me deprime e coisas deprimentes me deixa realmente irritado.

então, vamos virar o disco, mas seguindo essa minha tendência saudosista dos últimos dias, eu olho para o passado, quando eu ainda era meio criança, meio pré adolescente e meus hormônios começavam a fervilhar. não me lembro exatamente quantos anos eu tinha, 11 ou 12 anos, até então nunca tinha pensando em beijos, amassados ou qualquer coisa relacionada a meu lado sexual, ler Monteiro Lobato e assistir Dragon Ball no SBT me parecia coisas bem mais interessantes.

ela com sua pela branca, olhos castanho-esverdeados e seus cabelos cacheados me fazia perder a cabeça, numa época que eu nem sabia o que significava "perder a cabeça" por alguém. eu gostava dela. éramos colegas de sala, mais do que isso, éramos amigos, passávamos as tardes juntos brincando... e em segredo inocente eu suspirava de paixão. uma mulher? é. e hoje eu poderia pensar que ironia – ou não. era uma paixão infantil, sem malicia, era amor e pouco importava os órgãos sexuais envolvidos.

e foi aos 11 ou 12 anos, num dia 12 de junho como esse, em dias melhores do que esses, eu descobri que existia um dia dedicado aos enamorados, e que as pessoas davam presente àqueles que gostavam. animado eu pedi dinheiro para minha mãe – ou meu pai –, corri num supermercado, comprei uma caixa de chocolate, embrulhei em papel de presente, cheio de coragem eu me dirigi a casa dela, toquei a campainha, pernas vacilantes, coração acelerado. ela me recebeu com sorrio largo, me pediu pra entrar, mudo entreguei a caixa de chocolates – que bobo – me lembro da surpresa em seu olhar, um não saber com agir se fez presente entre nós, ela agradeceu e me abraçou. subconscientemente percebi que isso, sim, é amor. e amor é amor. eu não tinha uma mulher, eu tinha algo maior, uma amiga... minha memória falha ao tentar lembrar o que mais aconteceu, só me lembro de voltar pra casa satisfeito. foi um Dia dos Namorados feliz, mesmo sem as significâncias que dou a um Dia dos Namorados feliz, hoje.

ser criança era mais... simples? fácil? melhor? não sei responder. era diferente, as necessidades eram outras. torço, sinceramente, para que daqui a trinta anos minhas necessidades sejam outras das que tenho hoje. e assim a gente vai vivendo, dia após dia, com essa mesma esperança pulsante que ano que vem tudo vai mudar, que amanhã vai ser diferente e talvez seja. tomara, vou te contar...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Ayúdame!

pense numa situação meramente hipotética comigo: você trabalha num shopping, numa capital e durante as horas que você permanece trabalhando atrás de um balcão, você vê todo tipo de gente, gente feia, bonita, alta, magra, gorda, gente bem vestida, gente não tão bem vestida assim, gente pessimamente vestida, enfim, uma infinidade humanos.

um dia, um desses normais que você acorda e pensa: "ah, não vai acontecer nada hoje de importante", exatamente nesse dia, para em frente ao seu balcão um cara e pedi por um produto que você não tem mais, mas tinha há poucas semanas atrás. você acha, mesmo sendo essa a primeira vez que o vê, muito lindo, ao menos, se encaixa no seu padrão de beleza – relativo a outros humanos e não você, ta?! sem narcisismo agora. como você não tem o tal produto ele vai embora, como qualquer outra pessoa faria, mas deixa o nome e telefone pra você ligar, caso o produto apareça de novo – só?. a imagem dele se mantém em sua memória o resto do dia, no dia seguinte, eventualmente durante a semana. e você nem mesmo sabe explicar porque pensa tanto numa pessoa que não conhece.

passam algumas semanas, você nem pensa no cara mais. é outro dia normal, igualzinho àquele que você acordou pensando que não aconteceria nada. suas atividades são as mesmas, inclusive no trabalho – olha que boa! é hora do seu intervalo e você, depois de comer, vai matar o tempo na frente do shopping com uma colega. adivinha quem passa? sim, o cara que você atendeu semanas atrás e tem mais, ele te cumprimenta - verdade! juro por Deus. na hora você sente um gelo na barriga e quase não o cumprimenta de volta. mais uma vez a imagem dele volta à sua cabeça.

num outro dia, depois de acabar seu expediente, você está indo embora pra casa, ele passa por você na rua. "olho pra trás ou não olho?", você se questiona. olha pra trás, ele tá olhando. olha de novo, ele olhando de novo. mas você segui o seu caminho. ah, esqueci de mencionar, você é tímido, mesmo que ninguém acredite, você é. e por causa de sua timidez você não volta pra tentar falar com ele. nem nessa primeira vez, nem nas duas outras vezes que vocês se cruzam na rua.

agora todo - ou quase todo - final de semana você o vê no shopping e se resume a dar um "oi" meio sem graça. quando ele entra na loja que você trabalho, e nem é pra falar com você, mesmo assim você sente aquele frio na barriga, as pernas tremem, a mão fica suada e seu coração acelera. arde de vontade de ir lá falar com ele, mas as pernas não obedecem, a língua trava e você fica lá, parado, apenas observando, queimando em desejo. você sabe o nome dele, mas ele nada sabe sobre você. ou sabe sim, você é o menino alto do balcão de celulares. é isso. o que fazer, quando você acha que tá apaixonado pelo cara? vou te contar...

sábado, 22 de maio de 2010

história 200: essas loucas coincidências da vida

eu sai de meu trabalho às 21 hrs, como sempre. cruzei as ruas frias de Curitiba, ganhei a Rua XV, Praça Osório, dobrei a esquina pra chegar na Ruy Barbosa e para a minha surpresa meu ônibus já estava parado no ponto. não posso omitir que o nome da linha me assusta profundamente, mas quem não teria medo de uma linha de ônibus chamada "666 - Novo Mundo"?

enfim, caminhei rápido – porque não sou obrigado a correr atrás de ônibus, sou fina. beijos – para não perder meu Mercedez amarelo. motores ligados, tive que acenar para o motorista parar o veiculo e eu entrar. todos olharam pra mim – claro! e enquanto eu pagava e aguardava meu troco,um certo rapaz que falava ao celular chamou minha atenção principalmente, por não tirar o olhos de mim, pensei: "caramba, ele ta olhando pra mim. e nem ta disfarçando!"

sentei nos últimos bancos do ônibus, por mera falta de opção. ele ainda falava ao celular, virou-se na cadeira e ficou me observando de longe. o ônibus seguiu seu caminho e eu fiquei de boa em meu lugar, pensava mais na minha cama e no twitter do que qualquer outra coisa. não tive coragem de ficar encarando-o. fato: minha timidez "mim acabar com minha vida", como diria Leona, a assassina vingativa.

assim do nada, ele desligou o celular, levantou-se e veio caminhando em minha direção. eu pensando: "ai meu Deus, ele tá vindo... ele ta vindo, tá vindo... tá vindo...". o rapaz sentou-se ou meu lado, olhei pra rua pela janela, ele cutucou meu ombro, tirei os fones de ouvido "espera aí, Alison Goldfrapp, já volto...", pensei.

_ oi. – ele me cumprimento, estendendo a mão.
_ olá – cumprimentei, em resposta, apertando a mão dele.
_ muito prazer, eu sou o fulano [disse o nome]
_ prazer, eu sou Jarbas...

começamos uma conversa bem bacana sobre trabalho, faculdade, idade, lugares que frequentamos etc e tal.

_ eu desço no próximo ponto – eu anunciei.
_ mas já?!
_ pois é...
_ você se importa de passar seu telefone pra mim? – ele perguntou.
_ não, meu numero é [disse o numero]

ele deu um toque em meu celular, deixando gravado o numero dele. cumprimentos, despedida, aperto de mão, ele piscou o olho pra mim "ui, que susto!". desci do ônibus, ele acenou pela janela e sumiu junto com o ronco do motor na noite. caminhei devagar pra casa, ainda meio incrédulo, em tudo que tinha acontecido. pensei que dessa vez eu poderia ter encontrado alguém interessantemente diferente de mim e do meu way-of-life. ele era diferente de todos que já tinha conhecido, nada "moderninho", ele não conhecia nenhuma das baladas que eu frequento – só por isso já estava valendo.

na manhã seguinte, durante o intervalo das aulas, contei animado para minhas amigas o acontecido da noite anterior. veio o fim das aulas e meu celular empresarial toca.

_ Jarbas, vai ter reunião hoje às 16 hrs, no mesmo lugar de sempre, espero você lá – avisou minha supervisora.

cheguei cinco minutos atrasado e todos, num surto de pontualidade, já estavam lá. cumprimentei as meninas que estavam antes de mim, e as que entraram comigo na empresa e depois fui falar com uma moça que eu treinei durante uma semana. depois de perguntar como estavam as coisas na loja nova que ela estava cobrindo ela me perguntou:

_ por algum acaso você foi conversando com um cara no ônibus ontem?
_ sim – eu respondi, desconfiado. imaginando como ela sabia disso.
_ ele se chama [disse o nome dele]?
_ sim. – "o que tá acontecendo?", eu me perguntava

eu já estava procurando as câmeras. que coisa bizarra era essa que estava acontecendo comigo? algum tipo de pegadinha tosca do Sérgio Malandro? Silvio Santos? Big Brother? estava eu vivendo o Show de Thruman e não sabia? essa menina era algum tipo de vidente? macumbeira? Deus, como ela sabia dessa história?

a menina pegou o celular da mão da outra moça que estava sentada ao lado dela, e que até então estava calada, apenas observando. um toque no botão o display acendeu, ela direcionou a tela para pra mim, enquanto eu observava chocado, absurdido a foto que via, ela falou:

_ queria te apresentar [disse o nome da moça ao lado] a namorada dele. há quatro anos.

morri 3x vezes. fiz a Maysa e cantei na mente "meu mundo caiu". clamei por alguém que fosse suficientemente inteligente para me explicar a possibilidade matemática daquele fato estar realmente acontecendo, mas nada. era verdade...

a namorada do rapaz começou a me bombardear com perguntas sobre como nos encontramos, o que conversamos, se eu achava que ele era gay. criei uma nova versão para a história, onde sentamos juntos meramente pela falta de espaço no ônibus, que só conversamos coisas de hominhos [o que não deixa de ser verdade], omiti a parte que ele falou que era solteiro, e as perguntas sobre baladas e noite. pra quem mentir pra moça? você deve estar se perguntando. simples assim, (a) aquele era um triangulo amoroso, que nem tinha começado, e eu já queria acabar, (b) homem-gay-solteiro é complicado imagina um pseudo-hetero-namorando, é praticamente o apocalipse Maya e (c) não, não seria eu quem iria acabar com os sonhos de uma noite de verão da moça, né?! não sou assim tão má – não de graça. ela me perguntou:

_ mas você passou seu número pra ele, né?!
_ não – respondi, categórico – ele quem pediu...

podem até achar que sou piranha, mas não sou oferecida. eu continuei: "... e o motivo pela qual ele queria meu numero, pergunte pra ele, porque eu não saberia te responder" disse e me afastei.

ainda tonto sentei perto das outras meninas. incrédulo, pensativo, tive certeza que o mundo é bem menor do que eu pensava ou alguém lá em cima estava fazendo uma piada de muito mal gosto comigo.

mas desgraça pouca é besteira. sim, tem mais... se prepara. minha supervisora começou a falar na frente da sala, disse:

_ vou começar falando de algumas mudanças que vão acorrer. fulana [disse o nome da menina que eu treinei] vai pra loja de cicrana [disse o nome da menina namorada do rapaz] e cicrana vai pra loja tal, trabalhar com o Jarbas.

santa ironia, Batman. e foi assim que ela descobriu que eu tinha conhecido o namorado dela na noite anterior. porque minha supervisora já tinha a avisado sobre a mudança, antes de falar comigo. ela comentou com o rapaz e ele, sabe-se lá Deus porque, contou que tinha me conhecido. agora, de segunda a segunda, ela está lá, falando do bebê, o amor da vida dela, o tempo inteiro. é por isso que eu digo: "a vida, mesmo louca e absurda, é um eterno aprendizado. ai, que loucura!" tem que ser assim? vou te contar...

quinta-feira, 29 de abril de 2010

história 190: fêmea miserável!

era mais um domingo ensolarada lá fora. mais um domingo que eu tinha que trabalhar.
ela entrou acompanhada da mãe, não estava mal vestida, mas não era a melhor das combinações que vi na minha vida. enfim, ela veio direto em meu balcão.

- boa tarde – cumprimentei.
- oi, eu quero o celular mais barato que você tem aqui – ela disse.
- tem preferência por operadora? – perguntei.
- quero desbloqueado – ela respondeu, convicta.
- o mais barato, desbloqueado, que nós temos é o nokia 1661. ele sai por R$109,00 – eu disse mostrando o produto pra ela.

ela observou alguns segundos, passou o olho nas outras vitrines enquanto eu falava as funções do aparelho.

- esse aqui na vivo, não é o mesmo? e ta mais barato! – ela perguntou. eu comecei a imaginar onde aquilo iria parar.
- sim, mas esse é exclusividade da vivo. – respondi, pacientemente.
- mas a nova lei foi sancionada, - ela começou – todo aparelho tem que vim desbloqueado.

lamentei minha existência nesse exato momento. esse tipo de conversa não termina bem. previ.

- sim, você está certa – eu comecei a responder – mas esse aparelho faz parte de um lote anterior à lei, ele possui apenas a recepção da frenquência da vivo.
- mas isso é um absurdo! eu quero esse da vivo desbloqueado.
- nós não temos, senhora. – respondi com minha melhor cara de origami [totalmente sem expressão]
- como assim? é lei...
- eu sei, mas esse aparelho não suporta outras freqüências GSM. eu não posso fazer nada.
- isso é uma palhaça! pra que existe lei? olha, é o mesmo aparelho na vitrine ao lado, porque esse desbloqueia e o outro não?! - ela começava a falar alto, eu a me irritar.
- é a mesma capa, moça. o maquinário é diferente.
- isso não existe!
- o procom ta ai pra isso... – já comecei a demonstrar sinais de impaciência.

a moça começou a falar meio alto e o monitor do departamento encostou pra ver o que estava acontecendo. ele foi se queixar com ele. o mesmo apenas repetiu minhas palavras. ela continuou a gritar. eu não agüentei e tomei da fúria de nazaré tedesco e disse:

- eu fico admirado como uma mulher como você, tem coragem de sair de casa num domingo lindo e ensolarado como esse, pra vim num shopping brigar por causa de 40 reais. nem se fosse um iphone, um blackberry... é muita falta do que fazer. dá licença, não sou obrigado!

sai de trás do balcão e fui pra area de vendas. ela, a mãe dela e o monitor do departamento ficaram me olhando sem entender a explosão fúria. ah, fale sério, né?! eu louco pra estar na rua tomando uma cerveja sob o sol curitibano e a filha da puta reclamando de uma coisa que nós já tínhamos explicado que não tinha o que fazer. putz, ta achando ruim? procura ouvidoria, vai no procom. é simples.
odeio essa gente que reclama sem saber o que reclamar. todo mundo tem direito, fato! mas se for cobrar os seus, sabia pelo menos quais são, né?!

no fim, a fêmea miserável levou o tal celular desbloqueado e mais caro. quer a coisas? pague por isso e bem vinda ao capitalismo. quando foi passar na caixa e pagar no cartão de crédito, porque nem débito a filha da puta tinha, eu vi que tinha a carteira da OAB de 2009. advogada recém formada. tudo auto explicou-se. tem coisa pior do que gente recém formada tentando mostrar que sabe de tudo da area? não, né?! cada coisa, vou te contar...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

vou te contar... um conto #2.

[ essa história é de mentirinha, tá?! ]

não. eu não sou saudosista. esse é o primeiro fato que você deve saber sobre mim, se é que você quer saber algo sobre mim. eu tenho memória. me recordo de meu passado, mas odeio lembrar das coisas com saudade, com dor, sabe?! e eu tenho que admitir que eu ando bastante saudosista nos últimos dias – mais do que eu já fui na minha vida inteira. e pra piorar, porque desgraça pouca é besteira, eu tenho pensando muito no amor, na falta dele, como vivê-lo, adquiri-lo. ando me questionando se já amei, se já fui amado. que merda! será que eu estou doente ou louco, deus? devo procurar um médico? enfim, sem dramas, não tenho paciência.

na verdade, eu queria contar uma história. é sobre o único homem que amei – até agora – na minha vida. estou solteiro há muito tempo, talvez, essa carência esteja me causando tamanha nostalgia.

então, de volta a história. tudo começou, e aqui não começa com "era uma vez", mas com o convite que uma amiga e eu recebemos para ir numa festa em sitio numa cidade vizinha à minha. um dos amigos de minha amiga ficou de nos pegar num bar no centro da cidade, era um desses bares da moda que reunia boa parte do povo gls. o amigo dela chegou num carro já cheio de amigos dele. cumprimentos e apresentações eis a parte difícil: colocar sete pessoas dentro de carro popular. no fim da organização, minha amiga veio em meu colo. eles eram animados e divertidos, falavam e riam alto. eu fui boa parte do trajeto calado – sempre fui de observar primeiro. na metade do caminho o carro quebrou, ou acabou a gasolina, não me lembro. só sei que tive, junto com os outros meninos, que empurrar o carro ladeira acima e esperar cerca de meia hora até o carro voltar e nos levar para a festa. na nova organização fui sentado no colo do amigo de minha amiga.

"na hora que você sentou em meu colo, eu soube que você era gay", ele e disse tempos depois.

na festa, música boa, dancei, bebi e me diverti. e me cansei também, por isso resolvi sentar numa calçada elevada que tinha meio longe do som. o menino que eu fui sentado no colo veio acompanhado de outros, sentaram ao meu redor e começaram a conversar comigo. um deles saiu dizendo que ia comprar cerveja, os outros dois começaram se beijar ao nosso lado. éramos só nós dois conversando. ele segurou meu braço e me levou para um pouco mais longe das pessoas.

- você fica com homens? – ele perguntou.
- eu só fico com homens – respondi.

e não precisamos dizer mais nada. nos beijamos por um bom tempo. e o beijo foi compatível desde a primeira vez que os lábios se tocaram ainda tímidos. um certo tempo depois os amigos dele se aproximaram e começaram a brincar e a nos provocar. nós resolvemos sair de perto deles e fomos para embaixo de um pé de limão. uma chuva fraca começou a cair. nem o ambiente pouco convencional e confortável, nem mesmo o frio. nada parecia importar pra nós. o resto do mundo era pequeno demais, pouco demais, irrisório demais. nós nos completávamos, mesmo tendo nos conhecido a pouco mais de 3 horas. éramos só nós dois.

eu voltei pra minha cidade. nos adicionam e mantivemos contato através de redes sociais e foi pelo virtual que eu soube que ele estava namorando. e devo admitir que não foi a melhor descoberta a minha vida, porque não foi. nos encontramos outras vezes, mesmo sabendo que ele tinha namorado. e numa dessas vezes, saímos do centro caminhando sem rumo, só conversando. quando percebemos estávamos numa estrada de terra batida, umas fazendas e umas construções inacabadas. entramos numa dessas construções e ficamos lá dentro. a chuva se fez presente outra vez e, de novo, não foi um grande problema. eu sei, eu não estava fazendo uma coisa legal. afinal de contas o menino tinha namorado, eu não me sentia confortável com a situação, mas eu não importava. estar com ele era suficiente.

não. eu não nasci pra ser o outro. não nasci para estar em segundo lugar. esse é o segundo fato que você tem que saber sobre mim. por defesa, imaturidade ou simplesmente por covardia, eu o afastei com minha rudez. disse o que nunca deveria ter dito, não me permiti viver o que deveria ter vivido. e mesmo depois dele ter terminado com o namorado e ter vindo falar pra ficarmos juntos eu não quis e o afastei mais ainda. "eu não acredito em amor a distancia", era minha única resposta. esse foi o muro que construí ao meu redor, minha defesa, minha redoma intransponível.

inevitavelmente, ele começou outro namoro. o que fazer? nada! afinal de contas eu o tinha expulsado de minha vida. mesmo tomado de ciúmes mantive contato com ele e nunca forcei uma nova aproximação entre nós. éramos amigos. nos víamos eventualmente e durante todo o tempo que ele namorou com esse menino nunca ficamos, numa trocamos um selinho.

- eu gosto de meu namorado, - ele me disse num de nossos encontros – não é meu plano, mas quando eu terminar com ele, você será a primeira pessoa que eu vou procurar, porque eu gosto muito de você.

já tinham se passado quase três anos desde o dia que nos conhecemos. ele terminou com o namorado e como tinha dito, ele veio me procurar. quase três anos depois nós fizemos sexo pela primeira vez. não afirmo por ele, mas por mim. transar com ele foi muito mais que sexo, foi o mais próximo que cheguei do amor.

não acredito em destino, odeio a idéia de ter alguém – ou alguma coisa – me controlando. mas não consigo nomear esse força maior que achamos que existe. então, vai destino mesmo. esse filho da puta nos afastou mais ainda. estamos muito distantes fisicamente. não parei minha vida, nunca faria isso. freqüento outros corpos, beijo outras bocas, mas ele sempre está em meu pensamento. seja em fragmentos de lembranças durante o dia, seja numa foto que resolvo ver quando ligo o notebook e a vou direto para as pastas mais antigas. agora foi ele quem me expulsou de sua vida, mas os detalhes sobre isso ainda não me sinto confortável em falar, mas não importa. eu o amo pelo simples fato de saber que em algum lugar ele respira.



qualquer semelhança com a realidade, é merece coincidência

sábado, 17 de abril de 2010

os gays que me envergonham [2]

o fim da aula de história da moda foi anunciada e eu saí logo após uma leva de colegas, mas não antes de minhas amigas. no corredor, fiquei esperando-as sair da sala enquanto olhava o ensaio fotográfico de uma das turmas veteranas que fizeram um projeto inspirado nos sete cavaleiros do apocalipse.

- você já escolheu o seu? eu já! – ele me abordou. eu nada entendi.
- a roupa? – perguntei, inocente.
- não! tô falando dos rapazes, vai dizer que não percebeu... aqui, ô! – ele explicou me guiando até uma das fotos que tinha, além das modelos, dois rapazes sem camisa, bem bonitos, um loiro e um moreno. ele continuou – eu escolhi o loiro, e você?

parei uns segundos para observar melhor os meninos da foto. eu disse: - eu queria o loiro também. a gente ia ter que disputar no tapa.
- que nada. a gente divide. – ele disse, tranquilamente.
- dividir? eu, não. sou monogâmico e pior sou egoísta, principalmente com seres humanos. ou é meu ou não é.
- ah, então você não é gay.
- como assim? – perguntei perplexo.
- você sabe, né?! nesse mundo gay não existe fidelidade.
- eu sou fiel. solteiro eu sou do mundo, não nego. mas nasci pra ser monogâmico.
- sério? – ele pareceu chocado com a minha afirmação
- sim.
- então você não vive o mundo gay. sabe como é, no mundo gay você namora um cara, mas sabe que divide ele com alguém do outro lado da cidade. essa parceria é normal.
- normal? deus que me livre. eu não acho isso normal, não. – agora eu quem estava chocado.
- ah, é o mundo gay.
- o seu mundo gay, não o meu mundo gay. e sinceramente eu me assusto em ouvir alguém falando traição com tanto naturalidade.

ele soltou um sorriso amarelo. ficamos em silêncio. dois paralelos de um mesmo mundo. duas pessoas totalmente diferente, que se não fosse pelo falto de serem homens quem gostam de homens, não teriam nada mais em comum.
me questionei o dia inteiro: o que viria a ser esse tal de “mundo gay” e em qual deles eu estava inserido? são tantas faces para a mesma moeda. são tantos clichês a serem quebrados, imagens pré-concebidas de uma mesma coisa. é tudo tão vasto, que não haveria resposta pra minha duvida. é tanto pra dizer que eu acabo não querendo dizer nada.
eu tenho meus costumes, minhas filosofias, meus moralismos, meus preconceitos e por isso não sei se quero fazer parte - ou me titular com participante de um grupo de pessoas que acham normal traições e coisas do tipo e o pior, aceitam isso como fato corriqueiro da vida. esse não sou eu. não faz parte de mim. e quando alguém vem e diz: "é o mundo gay" o que fazer? não, não é o mundo. não tem que ser. não é de gay trair, ser mal caracter – desculpe-me os que traem, mas eu acha total falta de caracter o fazer – e por isso me assusta ver alguém falam sobre o assunto com se dissesse: "comi pão com ovo". é por isso que eu não temo em afirmar, que são esses gays quem destroem nossa própria imagem.

domingo, 4 de abril de 2010

vou te contar... um conto

era sábado e trabalhar não o agradava de forma alguma. o primeiro convite para sair veio das amigas do trabalho, que o chamaram para ir na casa de uma delas, beber bastante, possivelmente fumar maconha, falar besteiras e dormir. mas ele recusou... queria voltar pra casa, estava cansado, não sabia exatamente porque, mas estava cansado.

o expediente acabou e ele foi embora, caminhou sem pressa. observou os argentinos malabaristas do sinal, acendeu um cigarro e caminhou despreocupado na noite movimentada da cidade. pensou naquele bar que sempre ia, mandou mensagem pra uma amiga, mas não obteve resposta até entrar no ônibus coletivo e chegar em sua casa. encontrou a amiga on-line no MSN, sentiu crescente vontade de sair. não era desse tipo que acreditava em acasos e coisas do destino, mas sentia que deveria sair. mesmo com a recusa das amigas que alegaram uma cansaço, a outra cólicas e a outra falta de dinheiro, ele queria sair. olhou pela janela, e numa conspiração universal começou a chover. "eu tenho guarda chuvas", pensou.

entrou no banheiro, tomou banho rápido, vestiu-se, perfumou-se e partiu para o bar. fila grande, mesmo debaixo de chuva. encontrou o amigo barman, que o tirou da fila. "obrigado, jesus! eu tenho contatos", pensou. no bar, com sua heineken na mão encontrou amigos, pseudo amigos e conhecidos, travou um dialogo com uma conhecida:

- oi, linda – cumprimentou, mesmo não achando ela nada linda.
- olá, tesão – cumprimentou ela em resposta, sabia ele que ela não o achava nada tesão.
- como ta?!
- tudo bem e você?
- bem também... com tá hoje aqui?
- ótimo! tô aqui desde cedo... já peguei três.
- nossa, nem quero pegar ninguém hoje. só vim pra dançar...
- duvido...

despediu-se porque sabia que a conversar não evoluiria dali. foi pra pista... dançou uma música, duas, três, sentiu o corpo suar. sentiu-se bem! olhou para o lado, varias pessoas, vários corpos que se moviam na ritmo da música a luz que embasava a visão... ele surgiu do nada, na verdade, passou pelo lado, os braços se tocaram, olhos nos olhos e não houve como não buscarem um a boca do outro. e o beijo deu certo instantaneamente, como nunca tinha acontecido com ele antes. beijaram-se por um bom tempo, quanto? ninguém realmente observou pra responder depois. saíram da pista, estava inviável e lotado demais para permanecer ali, foram para a parte externa do bar, conversaram como se já se conhecessem a décadas e foram vários gostos em comum, várias piadas entendidas mutuamente.
voltaram para dentro do bar, nunca daqueles cantos mais escuros se pagaram forte, o tesão não falava, gritava.

- vamos pra outro lugar?
- onde?
- algum hotel, não sei...
- não tem como resistir, vamos...

pagaram sua comandas e se foram... táxi, ruas movimentas, hotel num desses bairros boêmios centrais. ele descobriu com aquele [quase] desconhecido partes do corpo que julgava serem insensíveis, descobriu que o beijo de alguém pode falar pelas pessoas, sentiu-se protegido, foi honesto da forma mais pura e viu alguém ser honesto sem ser rude. o rapaz o descreveu, o despiu com nenhum outro fez outrora, elogiou na medida, cativou na medida, foi bom o suficiente. reacendeu em si a chama que estava quase apagada, a chama da esperança de crer que ainda existem pessoas que valem a pena no mundo. sabia, por mais que não quisesse admitir pra si mesmo, que aquele seria apenas um encontro casual de uma noite só. em suor e gozo viu o dia nasceu, recostou em peito quente, mas o mundo não para, a vida seguei e eles tinham coisas a fazer. abandonaram a cama e caminharam juntos na rua, conversaram enquanto feirantes armavam suas barracas numa dessas feiras de bairro. sentaram numa praça e conversaram, conversaram coisas que recém conhecidos, usualmente, não conversariam. ele admirou e amou aquele menino instantaneamente, mesmo sabendo que dificilmente ele seria seu. questionou-se porque a vida estava sendo tão cruel com ele, colocar alguém tão bom assim na sua frente pra tira-lo horas depois.

- seus olhos são verdes - ele disse, observando íris iluminada pelo sol da manhã
- às vezes...
- ah, ele muda de cor é?!
- sim.
- e quando eles estão verdes, o que significa?
- significa que estou gostando da minha companhia...

ele riu envergonhado. e quando ergueu seus olhos para fitar o rapaz outra vez recebeu um beijo lento e caloroso.

- eu tenho que ir...
- já?
- é...

ficaram de pé.

- vamos nos ver de novo...
- possivelmente, sim. mas eu demoro pra vim aqui.
- telefone, celular, orkut, twitter, facebook ou nada disso, pra não quebrar a magia?
- eu tenho você num lugar mais importante... em mim. não te esquecerei. a gente se encontrará...

houve outro beijo. depois cada um seguiu em uma direção diferente...

sexta-feira, 26 de março de 2010

1 é bom, 2 é melhor, com 3 é "mais melhor" ainda...

para começar vamos imaginar que hoje não é hoje, mas na verdade, dia 13 de março de 2010. tá, você pode estar se perguntando agora: o que diabos dia 13 de março tem de tão importante? mas saiba você que em 13 de março de 1781, o astrônomo william herschel descobre o planeta urano e nesta mesma data no ano de 1820 os jesuítas foram banidos do império russo.
ok. nada disso é realmente interessante e, talvez, o próximo fato que vou descrever também não seja tão interessante assim para você. porém, vale a pena comentar. o fato é: em 13 de março de 2007, um cara, e essa cara sou eu, teve uma ideia absurda de criar um blog para contar os fatos ainda mais absurdos, que a ideia de criar um blog, do seu dia a dia.

sabe qual é o problema de ter ideias assim do nada? na verdade, não tem problema algum, a não ser o fato de que você nunca saberá onde tudo isso vai parar. e quando eu digo que você não pode imaginar onde as coisas podem para é porque não dá mesmo. é como nadar, sem proteção e com uma ferida aberta sangrando, entre tubarões nas bahamas e ter certeza que nenhum deles vai arrancar um de seus membros. olha pra mim, são três anos de blog e mais de 100 histórias contadas, acredite você – ou não – são todas reais. reler certas histórias me assusta pra caramba, eu me pergunto: "putz, com isso pode ter acontecido mesmo?". me assusta mais ainda tentar imaginar o quanto ainda está por vim. sabe, o mais legal é saber que cada coisa, cada uma dessas coisas que te acontece, te muda, te transforma, te melhora, trás tudo novo, de novo.

no fim, esse texto é apenas para eu contar que meu blog – que é de todos que lêem, também – fez três anos de existência e ele não nasceu póstumo como nós.
"o tempo passa, o tempo voa e a poupança bamerindos continua numa boa" e eu não vim aqui pra me conformar, mas para mim formar e continuar a contar, contar, contar. por isso, vou te contar...

sexta-feira, 19 de março de 2010

história 189: cheiro bom[?]

ele entrou na loja onde eu trabalho com seu agasalho calvin klein jean, calça saruel preta e tênis. estava acompanhado de uma menina, que de interessante só tinha a bolsa, do resto, coitada, nem merece ser mencionada e de um menino que de interessante só tinha o par de nike nos pés.
ele tinha uma certa leveza ao andar, um sorriso calmo e bonito. fiquei a observá-lo e a imaginar situações que não precisam ser descritas aqui. para minha surpresa ele se pôs a experimentar óculos bem em frente a onde eu estava, pouco mais de dois balcões de distancia. assim do nada, como quase tudo em minha vida, ele coçou o lado esquerdo a barriga, pude ver parte de sua pele branca, pensei: "podia coçar o pintinho pra papai ver, né?!" e como se ele tivesse me ouvido e quisesse me agradar ele meteu a mão dentro da calça, dentro da cueca e comeu o coçar o saco assim, na minha frente... "melhor que filme pornô, obrigado, jesus!", pensei em êxtase incrédulo que o rapaz estava mesmo fazendo aquilo. o ato de coçar o saco, de forma meio exagerado, devo acrescentar, não demorou mais do que uns 20 ou 30 segundos, mas o foi o suficiente pra eu imaginar diversas coisas.

no fim da brincadeira entre dedos, pau e bolas o rapazinho tirou a mão de dentro das calças e veio subindo, subindo, subindo o braço, mais alto do que deveria, e com a menor preocupação aparente encostou os dedos no nariz e cheirou. sim, os mesmo dedos que ele tinha acabado de coçar o saco. eca!
tá... atire a primeira pedra, aquele que tem um pênis, e que nunca fez isso na vida. porém, havemos que concordar que não é a mais agradável da visões e muito menos e a melhor das ações para se fazer no meio de uma loja. lições que tiramos disso: (a) nem tudo é perfeito (b) ter uma cara bonita não significa que você é uma pessoa higiênica. e as duvidas são inevitáveis (a) se eu cheirasse os dedos dele, ele me daria aquele agasalho? (b) se eu tivesse pedido, ele deixaria eu sentir o cheiro, na fonte, também? enfim, vou te contar...