domingo, 4 de abril de 2010

vou te contar... um conto

era sábado e trabalhar não o agradava de forma alguma. o primeiro convite para sair veio das amigas do trabalho, que o chamaram para ir na casa de uma delas, beber bastante, possivelmente fumar maconha, falar besteiras e dormir. mas ele recusou... queria voltar pra casa, estava cansado, não sabia exatamente porque, mas estava cansado.

o expediente acabou e ele foi embora, caminhou sem pressa. observou os argentinos malabaristas do sinal, acendeu um cigarro e caminhou despreocupado na noite movimentada da cidade. pensou naquele bar que sempre ia, mandou mensagem pra uma amiga, mas não obteve resposta até entrar no ônibus coletivo e chegar em sua casa. encontrou a amiga on-line no MSN, sentiu crescente vontade de sair. não era desse tipo que acreditava em acasos e coisas do destino, mas sentia que deveria sair. mesmo com a recusa das amigas que alegaram uma cansaço, a outra cólicas e a outra falta de dinheiro, ele queria sair. olhou pela janela, e numa conspiração universal começou a chover. "eu tenho guarda chuvas", pensou.

entrou no banheiro, tomou banho rápido, vestiu-se, perfumou-se e partiu para o bar. fila grande, mesmo debaixo de chuva. encontrou o amigo barman, que o tirou da fila. "obrigado, jesus! eu tenho contatos", pensou. no bar, com sua heineken na mão encontrou amigos, pseudo amigos e conhecidos, travou um dialogo com uma conhecida:

- oi, linda – cumprimentou, mesmo não achando ela nada linda.
- olá, tesão – cumprimentou ela em resposta, sabia ele que ela não o achava nada tesão.
- como ta?!
- tudo bem e você?
- bem também... com tá hoje aqui?
- ótimo! tô aqui desde cedo... já peguei três.
- nossa, nem quero pegar ninguém hoje. só vim pra dançar...
- duvido...

despediu-se porque sabia que a conversar não evoluiria dali. foi pra pista... dançou uma música, duas, três, sentiu o corpo suar. sentiu-se bem! olhou para o lado, varias pessoas, vários corpos que se moviam na ritmo da música a luz que embasava a visão... ele surgiu do nada, na verdade, passou pelo lado, os braços se tocaram, olhos nos olhos e não houve como não buscarem um a boca do outro. e o beijo deu certo instantaneamente, como nunca tinha acontecido com ele antes. beijaram-se por um bom tempo, quanto? ninguém realmente observou pra responder depois. saíram da pista, estava inviável e lotado demais para permanecer ali, foram para a parte externa do bar, conversaram como se já se conhecessem a décadas e foram vários gostos em comum, várias piadas entendidas mutuamente.
voltaram para dentro do bar, nunca daqueles cantos mais escuros se pagaram forte, o tesão não falava, gritava.

- vamos pra outro lugar?
- onde?
- algum hotel, não sei...
- não tem como resistir, vamos...

pagaram sua comandas e se foram... táxi, ruas movimentas, hotel num desses bairros boêmios centrais. ele descobriu com aquele [quase] desconhecido partes do corpo que julgava serem insensíveis, descobriu que o beijo de alguém pode falar pelas pessoas, sentiu-se protegido, foi honesto da forma mais pura e viu alguém ser honesto sem ser rude. o rapaz o descreveu, o despiu com nenhum outro fez outrora, elogiou na medida, cativou na medida, foi bom o suficiente. reacendeu em si a chama que estava quase apagada, a chama da esperança de crer que ainda existem pessoas que valem a pena no mundo. sabia, por mais que não quisesse admitir pra si mesmo, que aquele seria apenas um encontro casual de uma noite só. em suor e gozo viu o dia nasceu, recostou em peito quente, mas o mundo não para, a vida seguei e eles tinham coisas a fazer. abandonaram a cama e caminharam juntos na rua, conversaram enquanto feirantes armavam suas barracas numa dessas feiras de bairro. sentaram numa praça e conversaram, conversaram coisas que recém conhecidos, usualmente, não conversariam. ele admirou e amou aquele menino instantaneamente, mesmo sabendo que dificilmente ele seria seu. questionou-se porque a vida estava sendo tão cruel com ele, colocar alguém tão bom assim na sua frente pra tira-lo horas depois.

- seus olhos são verdes - ele disse, observando íris iluminada pelo sol da manhã
- às vezes...
- ah, ele muda de cor é?!
- sim.
- e quando eles estão verdes, o que significa?
- significa que estou gostando da minha companhia...

ele riu envergonhado. e quando ergueu seus olhos para fitar o rapaz outra vez recebeu um beijo lento e caloroso.

- eu tenho que ir...
- já?
- é...

ficaram de pé.

- vamos nos ver de novo...
- possivelmente, sim. mas eu demoro pra vim aqui.
- telefone, celular, orkut, twitter, facebook ou nada disso, pra não quebrar a magia?
- eu tenho você num lugar mais importante... em mim. não te esquecerei. a gente se encontrará...

houve outro beijo. depois cada um seguiu em uma direção diferente...

5 comentários:

  1. Poxa vida, quantas vezes não passei por essa..

    Que nostaligico.. rs

    Saudades suas moço! ^^

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  2. adorei sua forma de narrar a historia , bjs

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  3. Jarbas meu amigo...qto tempo que não o via pelo blog...tudo em ordem contigo?

    Apareça mais...

    Tava lendo seu blog...depois que fechei fiquei zonzo...rs rs rs...deve ser o roxo do fundo...cara, to velho!!!

    bração

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  4. Que bonitinho, muito mágico realmente, gosto como conta seus contos! Por isso que é sempre bom sair...... rs, bjuu!

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  5. Jarbas, sinto falta da tua presença, da alegria que vc AINDA ME TRANSMITE ( ainda que por pensamentos soltos).
    Quero pedir desculpas se eu fiz algo que te deixasse desapontado.

    A gnt ainda vai se encontrar novamente.

    Tenho saudades.

    Beijos.



    dê um sinal.

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