terça-feira, 3 de junho de 2008

[história 131: O bicho de Pedra Azul, meu primo! - final -

O filho tomado de uma fúria indescritível, foi até o quintal, buscou o mesmo chicote que tinha batido na jumenta, voltou à cozinha onde estava conversando com a mãe e dei-lhe uma surra, espancou a mãe como se não tivesse vinculo nenhum com ela, como se fosse uma desconhecida qualquer, uma desertora. E quanto mais a mãe gritava por perdão mais ele batia. Não contente em espancar a mãe, ele foi até o estábulo e buscou uma cela, dessas que se coloca nos cavalos para cavalgar, pós a mãe de quatro, colocou o arreio sobre as costas da senhora e começou a cavalgar nela dentro da cozinha, gritando que ela era a jumenta dele. Mas a podre velha não agüentou muito tempo e caiu no chão à beira da morte, o filho sorrindo da situação da própria mãe, num ultimo suspiro antes da morte a mãe disse:
– Filho maldito, eu te excomungo, você não vai nem para o inferno nem para o céu. Nem Deus, nem o demônio vão querer você perto deles.
Com essas palavras a mãe morreu no chão de sua cozinha, morreu por ter defendido um pobre animal, morreu pelas mãos do próprio filho.
Em pouco tempo o caso espalhou pela região, e todos ficaram sabendo da atrocidade que ele tinha cometido contra a própria mãe. O tempo foi passando e cada dia que passava ele mudava mais e mais, começou a sentir uma sede insaciável. Descobriu no sangue de porco e de outros animais o sacio da secura de sua garganta, desde então passou a comer carne crua. Por que as outras comidas já não tinham mais sabor, nem a pinga queimava mais em sua garganta. Pêlos cresceram em todo seu corpo e sua pela ficou mais grossa, os dentes também mudaram, muita gente, soube de sua transformação e todos o temiam. Ele procurou um pai-de-santo da região e contou-lhe da maldição que sua mãe havia lançado nele antes da morte, mas o preto velho disse que não tinha solução, praga de mãe só não era mais poderosa do que as palavras do próprio Deus.
Ele passou a sair apenas à noite, pois as pessoas fugiam dele, o temiam, e sua fama de monstro espalhou-se feito fogo em pólvora, em poucos meses todos sabia da fama do bicho de Pedra Azul. E agora era assim, tudo de ruim que acontecia era culpa dele, até uma galinha que morria a culpa era posta nele.
Não se sabe ao certo por que, talvez por pura ignorância ou medo, numa noite um grupo de pessoas vieram até sua casa, bateram nele, amarram-no e o enterraram vivo.
Mesmo com a morte dele a paz não voltou a Pedra Azul, no lugar onde ele tinha sido enterrada morrem todas as plantas e nada mais nascia naquelas terras e de onde seria sua tumba começou a nascer pêlos ao invés de plantas. As pessoas cortavam e por vezes queimavam todo o cabelo que brotava do chão, mas ele voltar a crescer outra vez. Os mesmo que o matou chamaram o padre. Esse disse que era a alma do falecido pedindo um enterro cristão, com direito a sepultura e cruz, assim eles fizeram, mas de dentro da tumba continuava sair pêlos. Parecia que quanto mais eles cortavam ou queimavam os pêlos mais eles cresciam de novo.
Um esperto resolveu jogar concreto em cima da sepultura, durante um tempo nenhum pêlo cresceu, mas com o passar do tempo o concreto foi rachando, rachando e de dentro das fendas saia os pêlos da criatura enterrada. A população ficou em pânico, ninguém mais tinha paz ou conseguia dormir, todos tinham medo da criatura sair de dentro do buraco e matar a cidade inteira. Se ele tinha sido capaz de matar a própria mãe, por que não mataria outras pessoas ou outros parentes? Tamanho foi o desespero da população que mandaram chamar um bispo de Belo Horizonte para resolver o caso.
O tal bispo veio, rezou uma missa inteira em frente o sepulcro do rapaz-monstro, ao terminar a missa ele procurou o povo e disse que ali tinha presença fortíssima do mau e que ele tinha feito um selo e que nada mais sairia daquela tumba outra vez, ordenou que tocassem fogo no cabelo e que todos da cidade ficassem o mais longe possível do lugar. E assim o povo fez. Dizem que quando eles atearam fogo nos pêlos as labaredas do fogo chegavam a mais de três metros de altura e que se você ficasse bem calado dava para ouvir a criatura gritando e agonizando lá no fundo da terra.
Meses se passaram e por vezes alguém era designado para ver se tinha pêlos crescendo, mas nada voltou a crescer sobre aquele chão, nem pássaros voavam o céu na altura da tumba. Tudo tinha finalmente voltado ao normal em Pedra Azul e todos puderam dormir tranqüilos e agradecidos pelo bispo tê-los salvo do bicho.
Alguns meses depois, numa noite de lua cheia, um dos vizinhos do rapaz-monstro acordou sobressaltado, talvez por causa de um sonho ruim, se fosse não saberia dizer por que não se lembrava do que tinha sonhado, ou se tinha sonhado alguma coisa. Apenas soube que tinha sentiu muita vontade de ir ao banheiro, sua bexiga estava realmente prestes a explodir. Sem demora ignorando o medo e o frio ele levantou-se rápido e foi fazer xixi no quintal. Enquanto o rapaz se livrava de toda a urina, se satisfazendo com certo prazer em urinar estando tão apertado, ele sentiu um frio, bem mais frio que o normal, seus ficaram pés gelaram. Num piscar de olhos estava diante dele ninguém mais ninguém menos do que o rapaz-monstro, em sua forma humana, bem mais pálido do que o normal.
– Quero que me faça um favor – ele disse, calmamente.
O fluxo do xixi do rapaz cortou. Tamanho foi o susto que ele levou que nem mover-se ele conseguia muito menos falar. O espírito prosseguiu.
– Quero que você avise a todos os meus parentes vivos que um dia eu sairei daquela cova, e no dia que eu conseguir fazer isso, eu vou comer a cabeça de todos que estiverem vivos até minha oitava geração. – advertiu e da mesma forma que apareceu ele sumiu na noite escura.
O rapaz permaneceu onde estava por alguns minutos até começar a sentir suas pernas outra vez. Na manhã seguinte espalhou a história na cidade, em minutos todas estavam sabendo do contato que ele tivera com o espírito do rapaz-monstro falecido. Os que não tinham algum vínculo sanguíneo com o bicho deram graças a Deus por isso, mas o parente dele começaram a se preocupar com a história. Minha bisavó ficou tão aturdida com a história que veio morar na Bahia, na esperança de fugir do destino traçado pelo primo, o bicho de Pedra Azul.
Isso aconteceu a cerca de noventa anos atrás, desde então nós estamos morando aqui na Bahia. Pior de tudo é saber que eu sou a quarta geração do bicho, ou seja, minha cabeça está em jogo, caso ele acorde enquanto eu estiver vivo. Só o filho de meu tataraneto vai estar livre da maldição. E você, tem um monstro na família? Privilégio de pouco, vou te contar...

29 comentários:

  1. Jarbas, esse conto tem a CARA de história brasileira ...

    Em todo caso, o vilão é um prato cheio pra quem gosta de um "urso dominador" hAuHUUAuAAuAuAUAUUAh

    Zuera, vou estragar sua história não! Só me diz tua avó acredita mesmo nisso?

    Grande abraço

    ResponderExcluir
  2. Ufa! História longa hein?! Mas gostei :)

    See ya!

    http://calcajeansehavaianas.blogspot.com

    ResponderExcluir
  3. hahahahahhaha.. se vc aparecer sem cabeça vou saber o que aconteceu.. boa sorte, viu.. hahahahhaha....

    ResponderExcluir
  4. perturbador..
    bju.
    adoro ler oq vc escreve.
    tão rico.

    ResponderExcluir
  5. Só voce com suas histórias!

    Vou te contar!

    Alias me conta mesmo que amanhã tintevistomeoamo!

    Beijas!

    XD

    ResponderExcluir
  6. cuidado com a cuca
    que a cuca te pega
    te pega daqui
    te pega de la

    ResponderExcluir
  7. o começo parece a lenda do romãozinho (anos de trabahos escolares sobre folclore, c sabe), esse negocio da maldição de mãe :o
    Mas depois fica diferente e estranho e dá medo e

    ResponderExcluir
  8. kkk
    sua família deu origem ao chupa cabra?
    hehehe cuidado viu Jarbas.. aproveita bem a vida.. pq nunca se sabe qdo o monstro vai voltar.. medooo

    ResponderExcluir
  9. Minha família tem um acontecimento verídico e estranho, mas sem monstro: no início da década de 1910, o primeiro filho de meu tataravô (pai da mãe do pai da minha mãe...) morreu ainda bebê, num vilarejo pertinho de São Paulo capital. Foi enterrado no cemitério local, e não é que em algum tempo começou a surgir uma fama de que ele estava "fazendo milagres"? Foi um alvoroço daqueles, até que a igreja católica, sempre cautelosa com esses surtos místicos da população (lembram da "Santa da Janela", que "surgiu" numa vidraça encardida aqui em SP???), desenterrou e levou o cadáver do bebê pra capital, e a história ficou por isso mesmo.

    ResponderExcluir
  10. Aih.. Num Queria Que Perdesse Sua Cabeca Dessa Forma.
    i Sim De Uma Forma Mais Assim.. Assim..
    Ouzada.!
    [ AdoRo.... ]




    bY* SandY*

    ResponderExcluir
  11. Oi Jarbas meu nome é joy e eu conheço essa história muito bem, pois minha mãe é do vale do jequitinhonha(Tuparecer) e depois foi para Itaobim. Eu morria de medo desta história.

    ResponderExcluir
  12. olha nasci no norte de Minas em Taiobeiras e tenho 36 anos,meu pai me contava esta estória e eu ficava apavorado agora sei a origem do bicho de Pedra Azul...

    ResponderExcluir
  13. RERERE ... SOU DE MEDINA A PROXIMA CIDADE É PEDRA AZUL ,A HISTORIA AQUI CITADA É " FATO " .

    ResponderExcluir
  14. Oi Jarbas sou da familia Pincer e conheço bem essa historia...Mas eu acho que falta uma parte que diz que ele naum pode ultrapassar um rio...então eu axo q a sua familia da Bahia está salva...a minha familia disse q ele jah conseguiu sair da tumba e q apavora a cidade de Itaobim...outros dizem q ele pode se transformar em qalqer animal e assonbrar as pessoas...de qalqer modo a moro perto de uma conhecida q eh mulher do irmão do monstro...

    ResponderExcluir
  15. Jarbas tudo bem...
    Eu vivo essa historia desde que pequeno, sou de Carlos Chagas, e sempre tive esse mito na minha familia, em 2004 fui visitar Pedra Azul, e quendo la estava era so falar que era dos Ruas que vinha os olhares estranhos pra mim e meu irmao, meu Pai mesmo nem toca no assunto, essa historia eu pode ver com os mais antigos de la e realmente é veridica, mas fique tranquilo isso so poderia acontecer a vc se sua avó fosse da Familia Ruas de PEDRA AZUL.
    Obrigado...Gustavo Ruas.
    Haaaa, é JESUS pode tudooo....

    ResponderExcluir
  16. Bom,ja ouvi tanto essa história que ja decorei,mas conheci um primo dele e disse que ele existe,
    em minha cidade acontece coisas estranhas,politico que não comprou mais comprou,politico que fez mas não fez,

    ResponderExcluir
  17. Cara, tava no baú (ônibus) um dia desses indo pro trabalho, e ouvi 02 pessoas contano essa história... pensei q era algo inventado por eles, mas dai cheguei em casa e pesquisei no google! achei bem legal.
    Agora tou com vontade de conhecer Pedra Azul para escutar as histórias dos antigos!

    Rebeka (BSB)

    ResponderExcluir
  18. oi
    eu conheço essa historia a desde quando eu nasci ... pq meu avô é de Pedra Azul e minha avó eh de Joaíma . Só q eu tbm descobri q o marido da minha tinha eh parente do ''bicho''...
    Eu não acreditei muito mais queria saber so a linhajem da familia ,pois o marido da minha tia não gosta de falar sobre isso (vai saber pq!)
    se vc puder me informar vai ser Otimo ,pq eu tenho essa duvida a bastaaaante tempo

    e-mail: marinerodrigues12@gmail.com

    brigadão...

    ResponderExcluir
  19. Eu já conhecia essa estória, pois membros da minha família (de Itaobim) atestaram até a morte terem presenciado aparições desse bicho.Minha mãe me conta como sendo "bicho Fortaleza".É uma estória intrigante,meus parentes de Minas são pessoas muito sérias e falam deste caso com muita reverência ja que não faltam gente que não mente contando ter visto o monstro. Mais um mistério...

    ResponderExcluir
  20. Bom,ainda sobre esse caso, minha mãe conta que o bicho fortaleza(ou Pedra Azul)comia quilos de carne crua nas vendas e os comerciantes cobravam da família dele.Dizem ainda que só de falar o nome dele a criatura aparecia enfurecida.E no dia de seu enterro(ele estaria morto mesmo) o padre queria queimar o corpo mas os familiares não teriam deixado,então o bicho saiu e passou a atormentar nos arredores da cidade.

    ResponderExcluir
  21. moro em pedra azul essa historia e conhecida por todos de região o meu colegio fica situado aonde que todos dissem q ele foi enterrado antes eu morria de medo mas agora nao tem mais

    ResponderExcluir
  22. Então, Jarbas, também sou da família Antunes, moro em BH.

    Mas tenho vários parentes em Vila Pereira.

    Agora entendo porque alguns vizinhos meus me assustavam quando eu era criança, diziam para eu ter cuidado e falavam algo sobre bicho da fortaleza...

    Fortaleza é o antigo nome de Pedra Azul.



    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    ResponderExcluir
  23. Nossa eu moro em uma pequena cidade. grudadinho em pedra azul e acredito muito nisso,pois uns amigos e parentes ja viram ele.a cidade é Maristela de MG...Aqui mora Leo um dentista tabralha aqui,e é parente do bicho....bjs e irei orar e rezar muito para a sua falia...que DEUS te abençoe...
    LARA NHAUANNY ALVES BRAGA

    ResponderExcluir
  24. Minha familia já encontrou com o bicho da Fortaleza, há cerca de 40 anos ele apareceu para todos os meus tios e meus avós, ele tentou devorar minha tia recem nascida, eles voltavam de um terço na roça e apareceu na forma de um pequeno cachorro, se transformando num carneiro, estavam presentes mais de 20 pessoas.O meu avô atirou varias vezes mas era em vão pois o bicho atacava a minha avó que estava com minha tia no colo, mas ele desapareceu quando os homens tentaram matar ele.

    ResponderExcluir
  25. Essa história é verídica, minha família é muito antiga e tradicional em Curral de Dentro MG, minha mãe sempre nos contou............ e tem familiares do bicho mesmo lá tb, a mãe do Dr. Léo, dentista, mas são excelentes pessoas, e o bicho aparecia direto ( eu nunca vi e nem quero ver ), mas antigamente era um barulho de uma cachorrada correndo em plena a madrugada, todo mundo falava q era o bicho.... ainda bem que eu sou família Teixeira, pq se fosse das famílias do bicho os Ruas, Antunes e Barreto, tava morrendo de medo!!!!! adorei rever a história que nos aterrorizou a infância.... kkkkkkkkkkkkkkkkkk

    ResponderExcluir
  26. Minha mae é de Medina e era vizinha de parentes desse bicho. Certo dia ela estava em casa bordando, quando essa vizinha chegou apavorada contando que tinha milhares de carrapatos no quintal de sua casa e chamou minha mae pra ir lá ver. Parecia um enxame no chão do quintal da casa dela, só que nao havia nenhum animal por perto para que tantos carrapatos fossem la em seu quintal. Segundo minha mãe, qdo chegou no quintal da vizinha, esses carrapatos foram desaparecendo aos poucos até sumirem todos, não sabendo pra onde eles tinham ido. Segundo o pessoal dessa vizinha, esta foi a última vez que tiveram algum relato referente a este bicho de pedra azul em Medina. Obs. Essa viznha já está morta.

    ResponderExcluir
  27. quase toda a minha familia viu e fica com medo ate de falar .eu nao duvido dessa historia

    ResponderExcluir

agora me conte você…