segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O que te incomoda pode te salvar [?]

Existe uma expressão em inglês chamada “push forward”, que em livre tradução seria algo como “impulsionar” ou “ir para frente”. Essa expressão explica o sentimento que é quando eu encontro alguém fazendo algo que me incentiva a pensar de maneira diferente, ou me move a ter uma visão sobre as mesmas coisas, mas de uma maneira não pensada ou não executada (ainda).


Foi exatamente esse sentimento que me despertou ao ver as fotos de Claire Milbrath, uma fotografa freelance canadense que em seu ensaio (de moda) titulado "Groin Gazing" (Olhando Virilhas), ela usa os volumes do sexo masculino para expor o que nós, de maneira camuflada estamos, num momento ou outro, observando. Talvez, nem todas vão admitir, mas com certeza a gente já parou uns segundos para observar a “mala” do rapaz. Observar aqui não se trata de safadeza oculta, ou você nem precisa ter um interesse sexual pelo rapaz avantajado (ou não), é simplesmente uma questão de admitir que a região causa curiosidade e recai sobre nós as perguntas: Se a mulher é tão objetivada, corrermos o risco também de estar transformando o corpo masculino num objeto também? Ou caminhamos para um futuro onde os corpos (masculino e feminino) estarão no mesmo nível de exposição na mídia?


Essa não é uma discussão sobre tamanho de pênis (ninguém nem tem mais paciência para discutir isso), mas uma boa oportunidade para repensarmos nossos valores e não permitir que sejamos pessoas que vivemos sob a máxima de “dois pesos e uma medida”, além da discussão sobre a objetivação do corpo surge a questão sobre o desejo sexual feminino, já que Milbrath brinca com os estereótipos masculinos, “o artista”, “o vizinho”, “o executivo” são alguns dos tipos que aparecem nas fotos que mesmo estando dentro do padrão de fetiche de muitas mulheres, mas para muitas meninas essas imagens seriam consideradas como imorais ou ilícitas mas e a loira seminua na propaganda de cerveja também não seria uma imagem pervertida?

 
São anos de lutas para a igualdade feminina e há muito ainda para ser trilhado, talvez, não seja um ensaio fotográfico com volumes de pênis e clichês dos tipos masculinos que vai mudar a realidade de milhões de mulheres abusadas ao redor do mundo diariamente, mas essas imagens não passarão desapercebidas já que elas não são exatamente eróticas, muito menos pornográficas e nem mesmo o torso nu de um rapaz numa propaganda de cuecas (a qual estamos tão habituados), elas estão no meio de tudo isso, são aquele ponto que incomoda, por isso, ouso dizer, são superiores.

Claire joga em nossas mãos a decisão de pensar: se a imagem de um pênis ereto numa calça jeans nos incomoda tanto, é porque o caminho é mais longo que nós imaginávamos e o “push forward” que precisamos é maior. Pense, garotas... 

 + sobre Claire Milbrath 

2 comentários:

  1. A arte é sempre a melhor maneira de romper as barreiras que nos foram impostas no passado por dogmas religiosos. O corpo humano é lindo e devemos sim olhá-lo e devemos, também, expressar nossos desejos e vontades.
    É interessante observar a reação totalmente diferente que teriamos se fosse o corpo feminino a ser exposto, pois, estamos acostumados a transformar mulheres em objetos a serem expostos e consumidos, mas não fazemos o mesmo com os homens.
    É preciso que aconteça isso tanto para a liberação sexual das mulheres e a aceitação da homossexualidade.
    Vivam as malas!

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