
pois bem, não bastasse o modelo ridículo do carro, a coisa é verde, num tom meio musgo, sei lá. não é um carro velho, sabe?! mas também não é novo. e eu não sei explicar muito bem porque, meu vizinho, que tem garagem, mesmo assim não coloca o tal chevette lá dentro, coisa de doido. dai o carro passa a noite inteira lá na rua. o detalhe maior da história é que os vidros ficam aberto. acho que o povo despreza tanto o tal chevette que ninguém dá importância nem para roubar o coitado do carro.
... vai fazer um mês que eu estou trabalhando, três vezes por semana, à noite, num povoado da zona rural daqui. e chego em casa cerca de 23:00 até 23:30 [...] minha rua para variar, nesse horário está menos movimentada que o deserto do saara. lá vou eu caminhando devagar, cabeça baixa. eu tinha aplicado prova e recolhido uns trabalhos, ou seja, as minhas mãos estava cheias de papel. quando eu estava na mesma direção do carro que estava lá parado, silencioso e quieto na porta de meu vizinho. olho para o chevett, xingo-o mentalmente, arrepio de raiva daquele carro horrível. quando de repente uma cabeça saí de uma das janelas do banco traseiro, era um homem visivelmente bêbado, ele disse: "quantas horas aí?!" eu, automaticamente, dei um super grito, seguindo de triplo mortal carpado para trás jogando no ar tudo quando era prova e trabalho que estava na minha mão.
via-se um jarbas com a mão no coração, a respiração ofegante, as pernas tremendo, meu coração era uma escola de samba na sapucaí, eu olhei para o chão, aquele monte de papel ao meu redor, eu senti na calçada e comecei a chorar. sim, chorar feito uma criança, acho que o stress de um dia inteiro de trabalho mais o susto e os papeis no chão me deixaram vulnerável. depois de uns cinco minutos de choro como bêbedo me velando calado. eu comecei a catar os papel ainda soluçando baixo. de repente o bêbado fala: "e as horas moço, vai falar ou não?!" minha raiva era tanta, que eu olhei para o bêbado com o meu melhor olhar de bette davis e disse: "vai perguntar a hora para o capeta não pra mim!" ele diz em respota: "vixe, tá stressadinho... nem vou mexer, se não me bate, mas não chora não viu?!"
eu nem disse nada em resposta, terminei de catar meus papeis fungando de raiva, deixei o bêbado sozinho e entrei em casa. quando eu já estava deitado em minha cama, fui parar para pensar na situação e comecei a rir sozinho por um logo tempo, foi inevitável pensar no quanto a situação foi surreal e engraçada. cada coisa que me acontece, né?! como diria uma amigo: "a gente se fode, mas se diverte" vou te contar...
p.s: foto meramente ilustrativa, o carro de meu vizinho é pior que esse aí.