ela tocou em meu braça, timida. olhei sorridente.
- quem é você? - ela perguntou com um sorriso.
- sou tudo que seus pais não querem que você seja - respondi, sorrindo, também.
por que, nem tudo que está esquecido, está morto... e tudo que adormece, um dia, acorda.

essa história deveria ter sido contada há muito tempo, mas só agora tive tempo de senter, escrever e publicar. foi mais ou menos assim: luiza me chamou para ir no james bar naquele sábado, e ir para o james nunca é um grande esforço na minha vida - ainda mais com luiza, né?! mas ela sentiu-se mal e foi embora mais cedo. dancei, bebi glitter e beijei na boca. quando eu sai do james já passavam das 5 hrs da amanhã. desci a rua despreocupado, outras pessoas saiam de outras baladas e conversavam alto. cheguei na ruy barbosa e fiquei escorado no ferro do ponto de ônibus, uma menina encostou, mas logo saiu para falar com um grupo de pessoas que estava há uns cem metros de distância. eis que ele veio de bicicleta, passou direto e voltou. parou a bicicleta na minha frente, de uma maneira que não daria para eu escapar já que o ferro estava às minhas costas.
nas ruas, as armas eram as vozes, o som estridente dos apitos, as pernas, a força para andar, gritar, reivindicar e crer que tudo pode ser diferente. as armas eram a coragem, a esperança de que o melhor pode – deve – acontecer, a vontade de mudar, mesmo sabendo que somos alguns poucos grãos de areia, que podem ser tragados pelo mar de hipocrisia e ignorância que nos rodeia. mas mesmo sendo poucos, somos os poucos que, ao menos, tentam fazer a diferença, somos os que protestam diante das injustiças, somos os que não se calam, os que querem ver o mundo melhor e que lutam por isso deixe de ser idealismo e se torne realidade.
nas ruas os olhares curiosos, olhos que criticam, olhos que acham graça, olhos que aprovam. tantos pararam sua marcha frenética para nos observar, tantos nos assistia das janelas, das portas das casas e lojas. nossas vozes foram ouvidas – ah, disso ninguém tem duvida. por que se a proposta era mudar, que mude para melhor. retroceder, jamais!


é o engraçado me ver tendo que desconstruir, aqui em curitiba, várias de minhas condutas. são coisinhas bobas, pequenas manias. coisinhas que você fazia e que nem sempre é entendido por pessoas que não faz parte de sua cultura tão diferente, etc e tal.
ela sentou-se robótica no ônibus vermelho. sentou-se próximo à porta número três, a porta pela qual as pessoas entram. gostava de observar as pessoas que entrava no ônibus vermelho. um velho senta-se ao seu lado, o cheiro forte de naftalina devia sua atenção, a mãe com a criança reclamando, a venha magra, a moça gorda, o senhor de terno e grava. ela sente vontade de espirar, mas a vontade passa. "que raiva, odeio perder espirro!"