...e deus salve todos os ditos populares.
não é que o erê viado de quatorze anos me achou no orkut e pediu telefone! dei. ele me ligou no dia seguinte dizendo que estava com saudades isso e aquilo. fiz a simpática, claro né!
no outro dia ele me ligou, no outro e no outro. numa das ultimas ligações ele disse que ia mudar-se para minha cidade porque, segundo ele, passou a ser mais interessante, dei um sermão sobre os estudos e as responsabilidades, mas não sei se ele escutou. num sábado à tarde ele me ligou, me convidando para uma festa que iria acontecer numa cidade vizinha. cidade essa que eu odeio do fundo de minha alma, para vocês terem noção do quanto o lugar é dark, na entrada da cidade existe um cemitério, tive péssimas experiências das pouquíssimas vezes que estive lá. eu fui logo dizendo que não iria, porque estava muito em cima da hora, que não tinha planejado e outras mil desculpas – desculpa não, explicação.
no domingo de manhã, dia da festa, eu acordei com o barulho do celular, era uma amiga, me chamando adivinha para onde? sim! para a tal festa, na tal cidade vizinha. eu, não sei explicar porque, decidi ir com ela e o namorado dela. até pensei na possibilidade ver o menino lá, mas não quis me preocupar com isso. às duas horas da tarde nós saímos daqui, a viagem foi tranqüila, chegamos na casa de uma amiga que mora lá. conversamos, rimos e fomos para a festa que era praticamente em frente da casa dessa amiga.
pense numa manada de gente feia e de óculos espalhado, eu tive medo quando eu vi a multidão aglomeranda na frente da entrada, pedi deus para fazer meu arrebatamento naquele instante, mas falhou. tive que entrar, né?!
não vou negar que tinha uns biótipos bem interessantes, porque tinha, mas gente bonita era uma espécie na lista das espécies com alto risco de extinção. encontrei outros conhecidos, fiz a social. vi o menino de longe. dancei, bebi, vi o menino de longe.
fomos no banheiro da casa da amiga que morava lá. a casa dela é um sobrado que da sacada da para ver todo o espaço onde estava acontecendo a festa. vi o menino - cometi o um grande erro - mostrei para o namorado de minha amiga, não é que o filho de uma putinha ficou assoviando tentando chamar a atenção do erê lá em baixo, eu abaixei e me escondi e graças ao som alto o menino não ouviu – coitado de mim. já eram quase nove horas da noite quando nós voltamos para minha cidade. eu todo tranquilão achando que tinha conseguido dar um drible no menino. a semana seguiu tranqüila; tranqüila até demais eu diria, ele não me ligou nenhum dos dias.
sexta-feira estávamos todos na feira, vendo o povo de são paulo, para falar o mínimo, exóticos – sob a perspectiva nordestina, claro! meu celular tocou. o numero do menino. fiz o alarde com as amigas ao redor, busquei umas três mil desculpas, digo, explicações na mente, fiz minha melhor voz.
- oi?
- seu hipócrita metido a besta!
tum tum tum
eu fiquei ali parado, mudo, boquiaberto, anestesiado. foi assim na violência, sem me deixar explicar ou usar uma de minhas desculpas – explicações – maravilhosas. nem pude fazer a desentendida, no caso dele dizer que tinha me visto na festa. pior de tudo foi minha amigas que viram meu estado atônito e vieram correndo querendo saber o que tinha acontecido, contei. todo mundo segurando o riso. eu louca do meu edi para saber o que motivo da ofensa. eis que veio um insight e eu lembrei-me da cafetã mor, da puta superiora, a menina de todos os recados, a internet – é claro que o adolescente não ia deixar o orkut de lado, quem deixaria?! sem demora corri para o orkut e mais certo que o sol que nasce todos os dias lá estava a bíblia de ofensas no meu scrap book e a explicação do motivo da ofensa.
sim ele me viu na festa e me viu exatamente na hora que o namorado de minha amiga assoviou, exatamente na hora que eu me abaixei para esconder – merda! pior de tudo é que ele me bloqueou e eu não posso mandar recados. agora fico com todas as minhas explicações melindrosas aqui presas na minha garganta, um dia eu solto. eu não sou o vilão da história. vou me explicar...