palhaços tristes, pintores cegos, cantores mudos, atores amarrados. maquiados, mas não para uma festa, íamos para uma manifestação, um protesto contra o fechamento do teatro e da escola de arte de são josé dos pinhais, um protesto contra a injustiça. seriamos um grito de coragem no meio da multidão que prefere se calar.
nas ruas, as armas eram as vozes, o som estridente dos apitos, as pernas, a força para andar, gritar, reivindicar e crer que tudo pode ser diferente. as armas eram a coragem, a esperança de que o melhor pode – deve – acontecer, a vontade de mudar, mesmo sabendo que somos alguns poucos grãos de areia, que podem ser tragados pelo mar de hipocrisia e ignorância que nos rodeia. mas mesmo sendo poucos, somos os poucos que, ao menos, tentam fazer a diferença, somos os que protestam diante das injustiças, somos os que não se calam, os que querem ver o mundo melhor e que lutam por isso deixe de ser idealismo e se torne realidade.
nas ruas os olhares curiosos, olhos que criticam, olhos que acham graça, olhos que aprovam. tantos pararam sua marcha frenética para nos observar, tantos nos assistia das janelas, das portas das casas e lojas. nossas vozes foram ouvidas – ah, disso ninguém tem duvida. por que se a proposta era mudar, que mude para melhor. retroceder, jamais!