sexta-feira, 27 de maio de 2016

Pais, Filhos, Gays e uma tal de Alteridade

Como se não bastasse todas as lutas e riscos que nós gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transsexuais e transgêneros corremos todos os dias, em tempos de Jair Bolsonaro e Ana Paula Valadão discorrendo todo seu ódio contra a comunidade LGBT, e influenciando milhares de pessoas ao redor de todo o Brasil, levando boa parte do povo brasileiro a acreditar de verdade que a homossexualidade e questões de gênero são algo negativo, desprezível e humilhante; acredito que seja bastante necessário divulgarmos e enaltecermos toda e qualquer ação que seja de repudio a tais atitudes, principalmente se isso acontece dentro das reais famílias brasileiras.

Eu venho compartilhar essa história sem nenhum intenção de autopromoção, mas simplesmente por sentir necessidade de contribuir positivamente com o buzz em relação ao esforço diário de mostrar para a sociedade brasileira que ser homossexual e/ou transsexual não é de maneira nenhuma degrinitório.

Bem, tudo começou quando eu estava no grupo LDRV do Facebook e uma das tour  (post) do grupo era alguém divulgando o fato do Brandon Dias (foto abaixo) ter compartilhado uma imagem de si usando um vestido como forma de debate e critica contra o machismo e os padrões de normatividade impostos socialmente aos homens (homossexuais ou não); lindos, inclusive (o Brandon e o vestido).


Como é sempre de se esperar (infelizmente) sempre tem alguém no meio do rolê para causar aquela contenda… e nesse caso, foi o tio de Brandon, o Sr. Paulo Roberto, que veio cagar na história e resolver comentar no post do sobrinho, seu repudio à atitude fora do padrão que ele não acredita ser o modelo de masculinidade esperado, ele comentou:


A coisa toda tomou um rumo ótimo quando Brandon resolver comentar a foto, numa tentativa de desconstruir o pensamento do tio machista, dizendo que uma peça de roupa (dita) feminina não altera em nada sua masculinidade (nem dele, nem de nenhum outro homem), o que é bem verdade, já que esse conceito de gênero foi agregado à vestimenta pelo cristianismo (após a morte de Jesus Cristo) que transformou em 'pecado' tudo que podia em seu caminho. Brandon disse:


O povo do bem é forte! Logo em seguida veio o comentário de o Sr. Weliton, o pai de Brandon, que desaprovou a critica infundada do tio; ele rebateu:


É neste ponto que eu entro na história; minha realidade social/emocional com meu pai é nenhuma realidade. Em agosto de 2016 eu farei 30 anos de idade e há 16 anos meu pai e eu não temos uma relação de amizade, ou qualquer dialogo minimo; aparentemente o motivo é minha evidente e orgulhosa homossexualidade assumida numa cidade de pouco mais de 18 mil habitantes perdida no do Sudoeste da Bahia.
O comentário de Sr. Weliton ecoou tão fortemente em meu coração e de tantas maneiras positivas por me fazer entender, que mesmo não sendo minha realidade há diversas famílias ao redor do Brasil que dão suporte às decisões de seus filhos, no sentido de assumir sua identidade sem se importar com os padrões estabelecidos socialmente. Eu me emocionei e fiz o seguinte comentário:


Esse foi meu comentário mais sincero. Eu expus minha situação familiar para milhares de pessoas ao redor do Brasil porque preciso me curar emocionalmente, eu preciso continuar acreditando que estou no caminho certo, que há esperança e que se nós, seres humanos, começarmos a aplicar o sentimento de alteridade e entender que a existência o 'eu' de forma induvial, só acontece por meio da conexão com aos outros, que estamos todos ligados e o que acontece com um, reflete em todos tudo pode mudar para melhor. A alteridade implica que cada um indivíduo é capaz (ou deveria ser) de se colocar no lugar do outro, em uma relação baseada no diálogo e valorização das diferenças existentes, sendo assim, partimos do pressuposto básico de que todo o humano social interage e interdepende do outro (independentemente de parentesco familiar). 

Seja como for, essa história antes de acabar ganhou um capitulo maravilho; mesmo me sem conhecer pessoalmente o Sr. Weliton e sua postura tão de tamanha alteridade, empatia, inteligente, humanidade e dignidade, passei a condoerá-lo, uma especie de herói, um modelo a ser seguido. Pois ele, mesmo sem precisar me enviou uma mensagem privada de solidariedade. Leiam:



Meu sinceros sentimentos de amor e reciprocidade ao Sr. Weliton e a todos os outros pais, mães, avós, tias, tios, primos(as) e amigos que todos os dias quebram paradigmas impostos e questionam imposições religiosas, sociais e não fazem nada além de amar. O mundo precisa de mais pessoas como você. Meu muito obrigado.

Você pode conferir essa história clicando aqui.




P.S: não acredito que esse texto irá mudar minha situação familiar com meu pai, nem cogito a ideia de que ele irá ler essas palavras. Tudo bem, mas que fique registrado que eu sou uma pessoa do bem, independente dele ou de minha condição sexual.

sexta-feira, 20 de maio de 2016

O Dia que Ana Paula Valadão Defecou pelas Mãos


Hoje nos deparamos com a cantora gospel, supostamente um 'discipula' de Jesus Deus, Nosso Senhor, Ana Paula Valadão defecar pelos dedos na rede social Facebook, revoltadíssima com a vídeo-campanha da fast-fashion C&A para o Dia dos Namorados, que eles chamam de Dia dos Misturados; e só para vocês entenderem, a tal propagando está ligada a questões de gênero, pois os modelos trocam de roupas (ditas) masculina/femininas. Obviamente, como já era de esperar, o texto cantora gospel, foram de um nível machista, patriarcal, retrogrado tão absoluto, que me deu uma inquietação e uma vontade de falar, sabe!? Mas além de texto ridículo no qual Valadão critica a C&A, ela também usa 13 hashtags (sim, TREZE!), apenas para confirmar que estamos lidando com uma pessoa ignorante e desinformada total, coitada.
Então, e esse texto é para comentar as hashtags que Ana Paula Valadão usou no seu texto desprezível.

1. #SouFemininaVistoComoMulher;
Aqui temos que falar um pouco sobre História da Moda; para começar o conceito 'lady like' ou como ela diz "feminina", é uma ideia tão Anos 50, pós guerra, retrograda que só comprova o patriarcado da mensagem, ou seja, Valadão provavelmente é uma mulher machista.

2. #HomemVesteComoHomem;
Aqui vamos falar sobre regionalismos e cultura; basta dizer que países como Escócia homens usam saia e é culturalmente aceito, não interfere de maneira alguma na masculinidade do individuou, muito pelo contrario. Há também como exemplo os homens do Oriente Médio que usam uma bata tão longa que poderia ser considerada um vestido, mas que também não influência em nada, ou seja, o conceito "roupa de homem VS roupa de mulher" é bem século passado. Dica: moderniza que a senhora está barroca!

3. #UnisexNãoExiste;
Então, o unisex existe, sim! Olha a História da Moda de novo... Inclusive, a vestimenta na Pré História tinha apenas a função de proteger, aquela figurinha do livro da 7ª série que as Neandertais estão de saia é mentira. Tá? Tudo mundo usava um monte de pele ao redor do corpo, Grécia e Roma o comum era a toga ou túnica, peça unisex, com certeza, sendo assim, posso lhe afirmar com embasamento cientifico antropológico que a indumentaria só ganhou cunho de gênero centenas de anos depois com a estabilização do cristianismo como religião padrão.

4. #NãoÀIdeologiaDoGênero;
Poxa, essa foi pesada! Por que em pleno século XXI uma pessoa conseguir dizer "não" à ideologia de gênero nos coloca numa posição social tão retrograda que admito a vocês, nem merece ser comentado e garante que Ana Paulo nem está no mesmo nível intelectual que o nosso. É triste!

5. #DeusFezHomemEMulher; 
Eu ri dessa, sério mesmo, dei uma gargalhada! Assim, há controvérsias que Deus tenha criado apenas homens e mulheres, quer dizer, ele fez mesmo homens e mulheres, mas isso não quer dizer que homens podem nascer em corpos de mulheres e mulheres também podem nascer no corpo de homens, certo? Então tá certo! Até por que no meio dessa história de "Deus fez homem e mulher" tinha uma cobra falante, fruta mágica e tudo num jardim jamais localizado etc. Então....

6. #FamíliaÉHomemEMulher;
MENTIRA! Família é avó, avô, ti@, madrinha, prim@s, @s amig@s, vizinh@s, as sapa, as manas, as travas, as trans, os animais de estimação e todos que se amam! FAMÍLIA É AMOR! E eu retiro de você, Ana Paula Valadão todo e qualquer direito que você devaneia possuir ao tentar definir famílias o que é e o que não é família, você não tem esse direito. Estamos entendidos? Obrigado.

7. #HeteroSexualidade;
Tipo, AND? Heterossexualidade, homossexualidade ou sexualidade nenhuma é a mesma coisa, né fofa?! Essa hashtag não acrescenta em nada. Repito: com amor tudo é válido.

8. #MonogamiaHeterosexualÉSexoSeguro;
Temos dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) que os índices de DSTs, como HIV+, tem maior incidência em heterossexuais do que em LGBTQs, OU SEJA, a heterossexualidade não é garante tanta segurança assim, não. Monogamia, talvez.

9. #Cristianismo;
AND? Vamos aos fatos: iguais a história de Jesus Cristo existem outras +3.500 de Deuses que são exatamente a mesma história, pesquise. Sendo assim, não se sinta tão especial assim por ser cristã, por que tem religiões bem mais interessantes por aí, basta tirar o véu e ver.

10. #AmizadeDoMundoInimizadeDeDeus;
Daqui em diante eu já começo a ficar todo enjoado, sabe?! Por que é muito desinformação reunida num só lugar. Eii, estamos todos no mundo. Corta essa, Valadão!

11. #NaoEstouEmBuscaDeFasMasDeCristo;
OK. Justifique essa hashtag abdicando de usa carreira, sendo assim saia das redes sociais, não cobre cachê por shows ou melhor, nem faça mais shows, quem sabe se tranque dentro de casa. Beijos e obrigado

12. #AgradarADeusNaoAHomens;
Como você está tão certa que está agradando a Deus disseminando tanto ódio, mocinha?! Vamos repensar as atitudes por que elas falam mais alto do que qualquer louvor seu. Tá? E disse Jesus: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus." (Mateus 7:21)

13. #GalatasUmDez;
Esta toda apega nessa ideia de conflito entre agradar Deus, agradar ao homem, hein!? Seria alguma tentação, Ana? Se for, se joga! Apoiamos. Mas também disse Jesus: "Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus." (Mateus 22:21) Simples assim.