sexta-feira, 19 de junho de 2015

Vai procurar uma...

"O inimigo do meu inimigo é meu amigo"
Proverbio (dito) Árabe. 

Vivemos em temos estranhos. De repente surgiu diversos motivos para atacar uns aos outros e disseminar o desconforto de toda essa agressividade nas redes sociais, que intensificaram as tensões no platô de guerra midiático virtual. 

Não é novidade para ninguém a crescente (e já chata) pseudo batalha entre evangélicos e a comunidade LGBTT (e o resto mundo laico e com o mínimo de discernimento para entender que os tempos são outros e que nada é fixo na História, nem mesmo “o Criador” de tudo). Sendo assim as farpas são trocadas todos os dias e o foco principal de um lado que seria divulgar o amor de Jesus Cristo, Nosso Senhor; do outro reivindicar visibilidade e direitos civis legítimos (que é sempre bom salientar que não tem nada haver com a religiosidade de ninguém, já que “dê a César o que é de César e dê a Deus o que é de Deus”) para criar uma eterna contenda entre as partes, causando o maior furor nas redes sociais que no fim não leva a lugar algum, já que essas discussões também não surgem algo realmente tangível ou se quer inteligente.


Estamos acompanhando a recentemente troca de farpas entre o jornalista Ricardo Boechat e o (dito) pastor Silas Malafaia, tudo começou quando o jornalista resolveu responder aos intempéries do pastor quando o mesmo publicou no Twitter que o Boechat estava "falando asneira" quando disse na rádio que "os pastores incitam os fiéis a praticarem a intolerância", o que na minha opinião é uma grande verdade.

Ricardo não deixou barato e em resposta, disparou “Malafaia, vai procurar uma rola, vai. Não me encha o saco. Você é um idiota, um paspalhão, um pilantra, tomador de grana de fiel, explorador da fé alheia e agora vai querer me processar. Você gosta é muito de palanque, eu não vou te dar palanque porque tu é um otário”, um tanto deselegante e desnecessariamente violento, eu diria. Bastou isso para a frase “vai procurar um rola” virar o novo meme da internet. Agora é cool mandar alguém procurar uma rola.

Foge, rola! É uma cilada!
Repare que a coisa está tão bagunçada e as pessoas estão tão fartas desse senhor Malafaia que poucos perceberam que Ricardo Boechet, na essência também está sendo homofóbico em sua declaração, “vá procurar uma rola” aqui é posto como algo ruim, um tipo de punição a Malafaia. 
Desde quando rola é algo ruim? Sejamos francos, nós vamos sim, procurar uma rola, não por que é imposto tal comportamento, e todo gay tem que ser ‘caçar’ de rola. Eu digo a vocês, ao senhor Ricardo Boechet, Silas Malfaia (eca!) e a tantos outros que eu vou sim procurar uma rola e não por que é meu castigo, e não me sinto envergonhado, eu vou procurar uma rola por que eu gosto e não vai ser nenhum de vocês que vai me fazer sentir mal por isso. Sabem porquê? Por que ninguém nunca chegou até mim para dizer: “ah, vá procurar uma buceta!” como se fosse algo ruim, muito pelo contrário, a frase já veio aos meus ouvidos como forma de concertar a sexualidade que dizem estar com defeito (mesmo sem estar). Sei que tempos onde tudo está confuso, talvez nós gays estamos com medo de estar sozinhos nessa dita batalha, e por isso qualquer um vira amigo, mas bem sei que nem sempre o inimigo de meu inimigo será meu amigo. 

E cá entre nós, se eu fosse a rola, e fugiria de Silas Malafaia. Vou te contar...

sábado, 13 de junho de 2015

história 209: tá amarrado, Jeová!


Finalmente 18 horas e eu estava indo embora do trabalho. a vida não era em nada bucólica, na rua carros, buzinas, gente para lá e para cá, o movimento de voltar para casa estava a todo vapor. Eu fui para o ponto de ônibus e para minha sorte assim que cheguei meu ônibus estava lá parado, só me esperando, minha felicidade maior foi perceber que tinha um lugar vazio ao lado de uma senhora. YAS! Eu iria sentado.

Ela sorriu simpática quando me sentei, notei pelas roupas, o cabelo comprimo demais e a Bíblia no colo que ela deveria ser evangélica, não que esse seja o ponto principal da história, só uma colocação necessária. Pois bem, motorista fechou a porta e seguimos viagem adentrando o engarrafamento à nossa frente.

O movimento do ônibus pareceu ninar a senhora que caiu no sono segundos depois que o automóvel começou a se movimentar. E como é de se esperar, quando se está no meio de engarrafamento de carros é que os mesmos vão andar, parar, andar mais um pouco, parar, às vezes nem anda tanto assim, mas anda, e nesse ritmo que Deus ajuda a todos nós a chegar em casa. Só que toda vez que o motorista dava aquela parada, muitas vezes brusca, porque eles esquecem que estão carregando gente, mas sacos de batata, a senhora ao meu lado despertava do sono, era um fluxo do ônibus andar, parar, a senhora acordar assustada.

"Eita meu Deus!", soltou num das primeiras vezes.

"Valei-me, Nosso Senhor!", assustou-se quase batendo a cabeça na poltrona a frente.

Eu observando aquela cena e segurando meu riso, quando o ônibus andou um pouco mais, um carro entrou na frente do veiculo, o motorista apertou a buzina freando cinematograficamente, foram uns 10 segundos de turbulência em que todos se mexeram na cadeira, a senhora que já dormia acordou sobressaltada, com a pancada na cabeça na poltrona da frente e gritou: "TÁ AMARRADO, JEOVÁ JIREH! HOJE O INIMIGO NÃO VAI TRIUNFAR. TÁ REPREENDIDO!"

Foi uma cena tão rápida dela ter acordado, batido a cabeça na poltrona da frente, ter deixa claro para satanás que ele não iria vencer aquele dia e voltar a dormir de novo que se eu não tivesse ao lado daquela senhora não teria identificado de onde tinha partido o grito, inclusive acredito que ninguém que estava no ônibus e até hoje não sabe de onde veio o clamor.

A viagem seguiu bem, a senhora desceu um ponto antes de mim. É, somos vizinho... e o resto não é tão interessante. vou te contar...