sábado, 31 de maio de 2008

sexta-feira, 30 de maio de 2008

[história 129: celular]

na rua. cabeça baixa. buscando um número na lista de contatos no celular. um grito. ergo minha cabeça. ela começa:

- que lindo seu celular, não tinha visto ainda. o que ele faz?
[pausa para pensar]
- recebe e faz ligações.

[silêncio]

ai, os digamos que os lactobacilos vivos de meu cérebro não estavam tão vivos assim para eu dar uma resposta apropriada indicando todas as funcionabilidades de meu celular - que não são muitas. de qualquer maneira ainda penso que celular só serve mesmo para receber e fazer ligações e para ser roubado. vou te contar...

quinta-feira, 29 de maio de 2008

a vida tem que ser assim?

se não escrevo, caiu e morro de tanta coisa que está entalada aqui dentro.

"talvez tenha sido profundo apenas para você, e para ele não significou nada. você não será a primeira nem a ultima pessoa do mundo a passar por isso" é um um gosto amargo na boca que eu me lembro das palavras dele no MSN quando contei minha situação, e agora depois de tentar que algo acontecesse, eu vejo que ele [infelizmente] tinha razão;

tudo começou naquela festa de aniversário. tantas eram as pessoas na festa que mais parecia uma dessas festas de graça no meio da rua, também pudera, ela iria completar 98 anos e tenho certeza que essa idade dá-se para conhecer muita gente, e o velho "vou chamar para não dizer que eu fiz desfeita" gritou alto lá. eu já tinha ouvido falar dele, mas nunca tinha observado-o, sabia quem ele era mais sua existência não fazia muita diferença na minha. aquele não tinha sido um bom dia e eu não estava numa de minhas melhores situações. mais cedo do que todos imaginaram eu resolvi ir embora e na saída encontrei os olhos dele, que me observavam e me despiam, me deixava envergonhado como se pudesse ver minha alma e ler meus pensamentos, foram poucos trinta segundos, os mais demorados trinta segundos de minha vida, até parecia que tudo estava em slow motion como se tivéssemos no filme de matrix. fui embora, pensei nele durante o caminho, pensei na profundidade do olhar.
e daquele dia em diante ele estava em todos os lugares, parecia que estar ligado as pessoas que também estavam, de alguma forma, ligadas a mim. e um interesse cresceu, mas eu não sabia como me aproximar ou criar um dialogo. consegui um "oi" e disso não passou por semanas. eu o via apenas nas quartas-feira por míseros trinta segundos, mas eram [talvez] os melhores trinta segundos da semana inteira. contei minha situação, e recebi conselhos. ótimos conselhos e tentei me aproximar, fiz de tudo que pude imaginar nada surtia real efeito;

... e ontem, quarta-feira, 28 de maio de 2008 eu tentei uma ultima cartada, fui num seminário na faculdade dele, na turma dele, mas ele simplesmente fingiu que eu não existia, ignorou minha presença por completa, apesar de eu ter tentando falar com ele diversas vezes. e quando fui embora, me sentido, não a pior, mas a mais idiota das criaturas sobre a terra e o conhecido gosto amargo voltou a minha boca e é com ele que eu me lembro da frase que o pensador grego me disse: "talvez tenha sido profundo apenas para você, e para ele não significou nada. você não será a primeira nem a ultima pessoa do mundo a passar por isso" e que com o gosto amargo que eu concordo e tenho vontade de gritar que ele está certo e sabe das coisas.

mas a vida é assim, diriam salvando o grande e velho cliché, verdade, a vida é assim. e eu volto a ser o mesmo menino carente e sozinho de todos os dias. que busca no humor uma saída para se livrar de tanta coisa ruim que acontece. volto a ser o mesmo menino que está à beira de mendigar por amor.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

celebridades dizem. é lei!

que é um blog inspirado na seca do nordeste e nas "bestagens" da vida de um nordestino, você já sabe. que é um blog inspirada em helena de páginas da vida [vida longa a manoel carlos], você já sabe. que é um blog com recém-completos [inacreditáveis] um ano, você também já sabe. [então conta uma novidade porra!!!] o que você não sabe ainda [sons de tambores] é que o "eu vou te contar..." tem recebido uma enxurrada de comentários e dentre tantos comentários estão os de celebridades, pessoas famosa, chics e ricas. mas Jarbas, nosso querido autor. tão puro, tão tímido, tão inocente, dentro de toda sua modéstia nunca quis divulgar isso, mas a celebridades resolveram dar sua opinião sobre esse tão maravilhoso blog.


"É um espaço divertido onde todos podem ser livres e felizes. Independente do que está usando... é um lugar pra extravasar e rir muito mesmo sem o efeito de varias substancias ditas elícitas por essa sociedade capitalista, repressora do verdadeiro sentido da liberdade. É diversão sem precisar bater em ninguém, sem armar barracos e sem ser atormentada por espiritos. onde mais a gente encontra isso?!"
Amy Winehouse – Cantora, ex-rehab.




"A melhor parte de ler o 'eu vou te contar...' é que minha atual empregada domestica não sabe ler, nem escrever. Daí eu não preciso jogar meu celular, um cinzeiro ou um jarro de plantas na cabeça dela para ela sair da frente do computador, ou seja, enquanto eu estou lendo as histórias do Jarbas eu não tenho tempo para lançar coisas nas pessoas, nem bater nelas, isso me livra de processos e de lavar privadas por aí."

Naomi Campbell – Top Model, ex-lançadora de objetos à distância.




"No 'eu vou te contar...' eu posso encontrar um espaço legal onde as pessoas não estão falando mal da Britney: 'ela é gorda, ela é magra... e outros desagradáveis'. Eu para falar a verdade, não leio muito as histórias por que eu tenho preguiça, mas pelos títulos de cada uma eu vejo que ele não fala mal de mim e isso me agrada muito.”

Britney Spears – Cantora, Dançarina,ex-rehab, ex-caloura da PUC, ex-skin red]



"o quê? 'brogui'? o que esse tal de 'brog' come?! eu vim aqui pra contar minha música em inglês"

Solange – Ex-BBB 4, Ph.D em Lingua Inglesa.










"O que as pessoas precisam saber saber é que o ‘eu vou te contar... ar...’ é um blog muito divertri... diver... tri ... legal. São histórias, ias bem construídas e inacreditáveis... aveis Tem um valor moral... al. Social.. al e fisolófico altrissimo"

Ruth Lemos – Nutricionista, ista.



"É um espaço democrático e divertido. Pessoas têm fazes diferentes na vida, eu, por exemplo, fui ator pornô, pousei nu varias vezes para uma revista gay, entendeu? Mais eu não faço mais e isso não faz de mim um cara ruim, ta entendendo?! O Jarbas, é o cara, é assim, você lê as histórias e pensa que ele é uma coisa e ao mesmo tempo ele é outra e te deixa na duvida, ta ligado? Acho isso incrível e nesse meu momento novo como ator, eu me inspiro no cara. Tá entendendo?! Eu não me importo que ele seja gay, nem sei se ele é, mais se for, eu não tô nem ai, ta ligado?! Eu não sou homossexual, mais não tenho preconceito de quem é. Tá ligado?"

Alexandre Frota – ator, ex-ator pornô, ex-G Magazine, atual bofe de elite.


"É, assim, eu sei que a gente faz coisas erradas, ninguém é perfeito, somos todos humanos e tal, a melhor parte do blog é saber que ele [referindo-se ao autor, Jarbas] não é um travesti e nem vai tentar enganar ninguém, nas horas que bate aquela preguiça de treinar o ‘eu vou te contar...’ é uma das melhores opções, ainda mais se acompanhado de um pote de sorvete Kibon de chocolate, eu sei que engorda, mas eu vou recuperar boa forma logo"

Ronaldo – jogador de futebol [atualmente confundindo travesti com mulher]


"Eu canto, danço, represento, sou loira e tenho o sonho de apresentar um programa infantil, não sei se o Jarbas tem o sonho de fazer o mesmo, acho bom ele não ter para não ser meu concorrente na Rede Globo quando a Xuxa morrer [risos] vou confessar em primeira mão para vocês, eu disse primeira mão, ou seja, ninguém sabe ainda, que eu leio o blog escondidinha de meus pituquinhos, mas ninguém pode saber disso, já que o meu publico são as crianças"

Carla Perez – canta, dança, representa e se derem opotunidade Apresenta.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

[história 128: pERnilongo]

depois de alguns dias sem nos vermos ele veio me contar a novidade:

- eu mudei de casa.
- serio? e você está gostando da casa nova?
- é bem legal, mas eu não tô conseguido dormir direito...
- ué, por quê? rua movimentada demais?
- que nada, a rua é super tranqüila.
- e qual é o problema?
- então, é que meu quarto está feio de penislongo.

como comentário pessoal eu devo dizer que esse tipo novo de inseto deve incomodar bastante. depende de tipo também, não é?! tem uns que não já nem incomodam tanto assim. vou te contar...

quarta-feira, 21 de maio de 2008

era assim que eu queria...

eu chego assim de mancinho, silencioso feito uma fera preste a dar o bote. cara de inocente, de quem não quer nada. você sorri, um sorriso safado, olhos pedintes. sem solicitar permissão eu pego em seu braço e o faço encostar próximo em meu corpo. face a face, tão próximos, tão próximos. um beijo demorado, saliva doce, lábios carnudos e língua quente. suspiros, gemidos. eu o empurro você na parede, meu corpo em seu corpo, eu o aporto contra a parede e seguro suas mãos, o beijo, te cheiro, busco você como se fosse um tesouro secreto, por que você seria como uma sede que nunca se sacia, tentaria bebê-lo por inteiro como se tivesse sede de quem está perdido num deserto. sussurro ao pé de seu ouvido: "gostoso!".

com a língua morna lamberia o lóbulo de sua orelha, o cheiraria, beijaria seu pescoço, queixo, boca. suspiros, gemidos, prazer. o afasto de mim, apenas para olhar para seus olhos, tão profundo, como se enxergasse sua alma, como se pudesse ler teus pensamentos, todos eles. você permanece em silêncio. eu com as duas mãos seguro forte sua cintura, aperto, dor e prazer misturados, lhe arranco um gemido. me aproximo novamente de seu corpo, um abraço apertado e sento seu sexo, tão duro, tão rijo quanto o meu está. outro beijo demorado como se as bocas nunca pudessem separar-se outra vez.

a pele esquenta e o suor brota em nossas testas, há urgência em nos livrarmos das roupas. primeiro tiro sua camiseta, devagar. procuro seu mamilo, chupo-o como se fosse uma criança chupando feliz um picolé numa tarde de domingo no parque. você me aproxima de sua boca e me beija, um beijo meio violento, quase grosso. me lambuza com sua saliva, arranca a minha camiseta e morde levemente meu mamilo, chupa-o, lambe e beija. me cheira.
eu o guio até o chão, até o tapete. não há tempo para pensarmos em camas ou lençóis limpos, tudo é muito urgente, mas o mundo parece estar parado. e nós dois ali a nos amar, nos buscar.
fico por cima. olho para você e seguro no seu sexo, riu, você permanece em silêncio, um silêncio que diz muito mais do que diversas palavras. abro o botão, desço o zíper, puxo sua calça para baixo, você apenas aguarda. me aproximo de sua boca e o beijo.
"quer?" eu pergunto sussurrando ao seu ouvido, hálito quente. você não diz nada, fecha os olhos e espera, deseja, sente, antes mesmo de acontecer. vou descendo, beijando-o, lambendo-o. primeiro pescoço, tórax, mamilos, costelas, uma por uma, umbigo. enquanto isso minhas mãos tiram sua cueca, sinto os pêlos pubianos. seguro seu pênis, firme, gosto do que tenho em minhas mãos. faço pequenos movimentos de vai em vem, você geme e olha para mim. em seu silêncio você me pede: "chupa?"

aproximo seu pênis de minha boca, lambo-o, chupo-o devagar, e não paro com o movimento de vai e vem, você geme, se contorce, segura em minha cabeça e eu não para de chupá-lo, de masturbá-lo. você levanta como se acordasse de um trance, me beija com força, crava suas unhas nas minhas costas e me faz gemer de prazer e dor. arranca minha bermuda e cueca, me deita de bruços e me penetra devagar, você me invade, me possui sem ao menos perguntar se podia, mas sabe que eu gosto, sabe que eu quero. por trás você beija minhas costas, morde, lambe e o movimento não pára, mão e contra mão. sabores doces e salgados, o suor, gemidos de contentamento, de consentimento, de estar gostando da mistura de dor e prazer.

os movimentos se aceleram, mudamos de posição, fico de lado, você acelera, me masturba, gememos, sussurramos frases não compreensíveis. peço que não pare, você urra feito um animal, se contrai, o vai e vem fica cada vez mais rápido, mais rápido. você geme alto, contrai os músculos e anuncia o gozo, mas não para de me masturbar, eis que chega minha vez de gozar, e assim como se todo o mundo voltasse a girar outras vez, ficamos assim parados, respiração descompassada, me viro e fico de frente para você, lhe beijo, um beijo singelo, calmo. você me sonda com o olhar, atrás de um sorriso mundo você abri sua boca para as primeiras palavras desde que cheguei, você diz: "eu te amo!".

quinta-feira, 15 de maio de 2008

[história 127: monga, a mulher gorila]

era férias de verão e eu estava visitando minha avó e tios na cidade deles; eu tinha pouco menos de doze anos. era dias sem ter muito o que fazer, mas eram dias diferentes e isso era realmente excitante para mim. só o fato de estar longe de minha casa já era algo que me fazia arrepiar.

eis que por intermédio de uma vizinha ficamos sabendo que um parque de diversões estava na cidade. foi aquela animação e tudo mundo queria ir. eu achei aquilo a coisa mais maravilhosa do mundo, era como se eu tivesse ganho ingressos para a área vip de um show de madonna, com direito a foto e autografo da diva após o show.

sábado, fim de tarde e lá estava eu todo arrumadinho, tomado banho, cabelinho penteado, me segurando para não explodir de ansiedade. pegamos um coletivo e fomos para o parque. meus olhos encheram d'água quando e vi as luzes, as risadas, as pessoas, os balões de gás, o algodão doce, as maças do amor, tudo era tão colorido e mágico, mas foi uma casinha mal construída e pintada de preto que chamou minha atenção; acima da porta pequena havia um letreiro de letras mal feitas onde podia-se ler:

MONGA - A MULHER GORILA.

depois de brincar em todos aquelas brinquedos típicos, comer muito, todos começaram a falar em ir embora, mas eu não tirava a casinha mal construída da cabeça e pedi meu tio para me levar lá.

uma breve descrição de meu tio: faixa preta de fung-fu, quase dois metros de altura, ombros largos [101 cm para ser exato] 53 de bíceps, ou seja, um armário que andava e falava.

lá fui eu segurando na mão de meu tio para o o encontro com monga, a mulher gorila. outras pessoas entravam na casinha, lá dentro era abafado e mal iluminado, havia à frente um palanque, ligeiramente alto, em cima do palanque uma jaula. uma música tribal começou a tocar, uma voz rouca invadiu todo o ambiente: "senhoras e senhores, é com prazer que eu lhes apresento, vinda das mais selvagens matas africanas, MONGA, a mulher gorila” uma mulher de biquíni entrou na jaula e começou a dançar sinuosamente, muitos assovios e gritos dos homens. ele continuou: “linda, não é?! mas essa mulher foi amaldiçoada” [eu arrepiava o corpo inteiro] “desde que foi amaldiçoada quando monga fica nervosa ela sofre uma transformação” a mulher começou a balançar a grade e a gritar, algumas pessoas recuaram, piscou a imagem de uma gorila raivoso sobre o corpo da mulher. o locutor alterou o tom de voz: “mas não se preocupe, monga é boazinha” a mulher estava praticamente derrubando a jaula, meu tio continuava imóvel, eu tremia da cabeça aos pés. o locutor gritou: “monga está nervosa” a grade estava quase caindo e no lugar da mulher agora havia um gorila enorme, melhor, alguém enorme vestido de gorila. “monga está muito nervosa” os ferros da jaula rangeram alto e com um baque surdo o monte de ferro velho veio ao chão, gritos ao meu redor, gente correndo para todos os lados, meu tio imóvel, eu tremendo por inteiro, monga rugiu alto e desceu do palco. na portinha que antes dava para passar apenas duas pessoas por vez, agora estavam passando cinco, para piorar tudo uma luz feito flash de uma maquina fotografia começou a piscar e o que se via era uma espécie de foto ao vivo de uma monga correndo para todos os lados segurando nas pessoas, dava uma balançada depois soltava. e o que eu mais queria era que monga viesse até mim, assim eu poderia dizer depois que monga tinha em mim, mas monga comentou um grande erro. segurou no braço do meu tio primeiro, ele olhou para ela(e) e disse: “solta de meu braço agora se não eu te dou uma porrada” sem pensar duas vezes a pessoa vestida de gorila soltou o braço de meu tio e nem próximo de nós encostou de novo. fomos uns dos últimos a sair da casa, eu quase chorando, na quase mal construída, pinta de preto, sem brilho como os outros brinquedos, um de meus sonhos de infância tinha sido destruído. voltei para casa desiludido e nunca mais quis saber de monga, a mulher gorila outra vez. vou te contar...

segunda-feira, 12 de maio de 2008

[história 126: boca do capeta!]

a uns três anos atrás, meu amigo trabalhava numa rua de ladeira e passava quase que a tarde inteira sem fazer quase nada, eu sempre ia pra lá para conversar com ele – eu não trabalhava à tarde na época. no mesmo lugar trabalhavam mais outros dois rapazes, chaníssimos – diga-se passagem –, mas esse não é o ponto principal da história. numa dessas tardes estávamos sentados meu amigo, o dos colegas de trabalho dele e eu na escada à porta. crianças brincavam na rua, correndo pra cima e para baixo da ladeira. era uma daquelas ladeiras que quando você chega no sopé, olha para o topo e se cansa só de pensar na subida e se pergunta onde está o seu equipamento de escalada.

entre as crianças que brincavam uma menina de mais ou menos 4 anos de idade chamou minha atenção, branquinho, bem bonitinha, até parecia perdida em meio às outra crianças grandes. num determinado momento eu olhei pra ela – coitada! – ela estava descendo a ladeira disparada, corria tanto que seus pés batiam na bunda, dava para ver o desespero na cara da coitada por não conseguir desacelerar na corria ladeira a baixo.

– ela vai cair! – eu disse, admito com pouca emoção na voz.

cinco segundo depois a menina veio ao chão num baque seco, poeira subiu, choro, pais correndo, sangue e alguns ralados no joelho e braço da menina. olhei para meu amigo e para o colega dele, ambos olhavam para mim horrorizados.

– o quê? – eu perguntei, sem saber o porquê daquelas caras.
– como você sabia que ela ia cair? – perguntou o colega de trabalho de meu amigo.
– sei lá, era obvio, não?! – respondi.
– obvio? não mesmo...
– boca do capeta! nunca olhe pra minha filha e diga que ela vai cair – disse o colega de trabalho.
– fracamente gente, até parece que eu praguejei a menina.

seguiu uma discussão sobre a possibilidade de eu ter conjurado uma maldição para a criança cair e sobre pessoas terem o chamado "mal olhado" ou "boca ruim". é certo que nós não chegamos a um consenso mesmo eu tendo explicado tudo cientificamente. no fim eu fiquei proibido de olhar pra a filha do rapaz e dizer que ela ia cair, ele fez o favor de contar o fato acontecido para algumas pessoas e eu fiquei por um tempo conhecido na cidade com boca do capeta. coitado de mim, um garoto puro, inocente e tímido; admito que até tentei olhar para outras pessoas e dizer que elas iam cair, mas não funcionou. queria eu poder olhar para meus desafetos nessa cidade e conjurar quedas, mas Deus sabe o que faz. vou te contar...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

[história 125: falar a verdade. sempre?]

ela veio a mim perguntar o que eu achava dela ser apaixonada pelo o maior canalha da cidade – e nem bonito ele é. eu classificando-a como uma amiga disse o que realmente pensava, disse o quanto eu o achava ruim partido para ela e o quanto ela era "boa" para ele. disse a verdade porque penso que amigos servem exatamente para isso, se fosse para mentir, eu mentiria numa boa e não me sentiria nenhum pouco culpado (6)². no fim ela disse que não aceitava minha opinião – absoluto direito dela – e combinamos que não tocaríamos mais no assunto dali pra frente – final feliz.

na manhã seguinte, cruzei com ela na rua, cumprimente-a, mas em resposta o silêncio e olhos virados para o chão. não entendi, realmente não entendi, mas não fui questionar. eu tinha total certeza de que não havia feito nada para ofendê-la, nada mesmo. os dias foram passando e ela continuava me ignorando, como se numa fossemos amigos, como se fossemos desconhecidos numa cidade grande que se cruzam por acaso. só que ela não contou com o grau que meu orgulho pode atingir, não mesmo. se ela estava me ignorando, pois eu quem ia fazer o mesmo, e fiz. semanas depois vieram me falar que ela estava chateada pelo o que eu tinha dito para ela. não me dei o trabalho de explicar, não me dei o trabalho de ser a real vitima da história, apenas disse que não tinha dito mentiras, disse o que eu achava que deveria dizer e se ela não gostou o problema era dela, por que tinha sido ela quem tinha vindo me procurar, eu não tinha batido à porta de ninguém para dizer algo.

mais semanas se passaram, e eu tinha algo na cabeça: "não importa a situação mantenha sua classe que seu lugar ao topo estará garantido". outra vez amigas dela vieram até mim, dessa vez perguntar se volteria a falar com ela; sorri por dentro, eu sabia que aquilo ia acontecer, por isso aguardei em silêncio. fiz cara de blasé [jackson jr. devo admitir, eu tenho carão, eu sou "carudo"] e respondi que sim seco, sem emoção e com uma cara de nojo. a amiga deixou-me com uma cara feliz. possivelmente não entendeu, mas enfim...

agora eu estou aguardando ela vim falar comigo – possivelmente vai pedir desculpas – não pensem vocês que eu não vou falar nada, por que eu vou! ela ficou com raiva de mim injustamente, ela veio a meu encontro pedir minha opinião, não menti, se ela prefere pessoas falsas ao redor dela que fique, eu prefiro ouvir coisas que eu sei que eu não quero ouvir do que ouvir falso apoio; mexer com gente apaixonada é phoda. vou te contar...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

[história 124: grota ou gruta?]

ontem eu sai na rua sem muita esperança de encontrar alguém por lá. acabei encontrando minha prima e as amigas dela; sentamos ali no banco perto do trailler de lanches e conversamos bastante.

adoro conversa com gente mais nova fico me sentindo a experiência em pessoa. num determinado momento da conversa eu percebi que uma delas não estava com o namorado próximo – com as outras estavam. perguntei:

- cadê seu namorado, fulana?
- está na grota.

- pausa -
grota é o nome dos povoados da zona rural daqui.
- fim da pausa -

continuei: - ah, por falar nisso, você sabe a diferença entre grota e gruta?
ela respondeu: - grota tem a letra 'o' e gruta a letra 'u'.

[silêncio]

alguns segundos depois eu comecei a rir sozinho e tudo mundo ficou sem entender. obvio que essa não é a diferença, não a diferença a qual eu me referia, mas enfim, ri porque isso me fez perceber que nem todos tem tudo tão cientifico na cabeça, e muitas das vezes as coisas são tão simples e somos nós quem complicamos tudo. é claro que cheguei a conclusão de que nem tudo mundo assiste tv escola. vou te contar...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

[história 123: ai jesus, isso é bom demais]

era mais uma madrugada como qualquer outra madrugada de minha vida. lá estava eu indo para minha casa. como de habitual eu estava sozinho. a rua completamente vazia de gente, apenas e os grilos e eu – e um cachorro magro que passou longe.
o silêncio sepulcral, até parecia uma daquelas cenas clichês de filmes de terror, só faltou alguém sair das sombras com uma faca enorme na mão e me matar.

tantas foram as vezes que eu passei próximo àquela janela, foram tantas que eu poderia descrevê-la perfeitamente apenas com as imagens que tenho na mente, de tantas vezes nada nunca realmente surpreendente aconteceu. olhei para a velha janela com um certo desprezo, mas minha cabeça estava ocupada com pensamentos bem malucos. de repente imaginei ter ouvido um barulho, pare por um instante. até pensei: "opa! ouvi um barulho" mas como nada nunca acontecia por ali segui meu caminho, mas antes que eu desse um segundo passo eu ouvi novamente o barulho, algo que se assemelhava a um gemido. voltei o único passo adiantado e parei de frente à janela. o barulho ficou mais constante, eu fui aproximando minha orelha cada vez mais. que barulho era aquele? era uma mistura de barulho de bicho com gente amordaçada.

- ai jesus, ai jesus, ai jesus – gritaram dentro do quarto.

eu tomei um susto, estaria alguém brigando? mas não parecia uma briga – não mesmo – lá dentro uma mulher continuou a gritar.

- isso é bom demais deus, isso é bom demais deus.
- você gosta putinha? você gosta? então toma, toma, toma [segui vários "tomas"] – disse um homem em resposta.
- ai jesus, ai jesus, isso é bom demais, ai jesus, ai je...

eles estavam transando! sim, tinha um casal transando dentro do quarto, estavam tão despreocupados que falavam alto e narravam coisas que prefiro não redigir aqui. fiquei chocado, mas não arredei um único pé de lá. pura curiosidade mórbida.
a coisa toda durou cerca de 10 minutos ou menos [acho que eu cheguei do meio em diante] no ápice da coisa a mulher gritou:

- ai jesus, ai jesus, continua, continua, se você parar eu te mato capeta, se você para eu te mato capeta, te mato ... capeta ... ai delicia, eu vou gozaaaaaaaaaaaar! [urros e gemidos]

sons de respirações ofegantes, depois veio o silêncio, tão mortal. morri de inveja, e devo admitir que não imagina que aquele determinado casal tinha vida sexual ativa, que os vê assim na rua parecem tão insossos, quem diria?! quem diria que a fulana tem o famoso gozo evangélico, só lembra de deus nessas horas.
[suspiros] pensando aqui, só eu quem não tenho vida sexual ativa; "ai jesus, ai jesus, me abençoa! manda um ocó pra mim. manda?" olha o desespero. é que comigo está tão difícil que só apelando para o divino. vou te contar...